Além do rio
É uma bela morada situada em um lindo recanto, onde o amor, a beleza e a paz, são quem ditam as regras.
Amanhece, o primeiro raio de sol desfaz a gota de orvalho depositada magestosamente sobre a relva do alvorecer.
O pássaro canta na campina colorida pelas flores de cores infinitas.
O vento balança a palha do coqueiro, a brisa, suave como uma pluma, lança no ar o perfume das flores.
O pássaro retorna ao ninho, trazendo alimento para os filhotes que estão à espera.
O despencar da cascata d'água cai pela ribanceira, assemelhando-se a um véu de noiva.
A borboleta voa, comemorando o fim de seu rastejar, após uma longa metamorfose.
Do alto, se ouve o grito estridente de uma águia destemida em busca de sua presa.
Ali, a vida fervilha das mais diversas formas, as laranjeiras repletas de frutos adocicados e o pé de jaboticaba esbanja a sua bela negritude em forma de frutos com sabor incomparável.
Se ouve o ruído discreto de pequenos animais que rastejam sobre as folhas do solo e sobem pelas árvores a procura de frutos, nozes e insetos que possam saciar a sua fome.
Uma nuvem passa sorrateiramente encobrindo o sol, uma rápida neblina preenche o horizonte e cai sobre o solo, o cheiro de terra molhada faz sentir-se por toda parte. O sol volta a aparecer, ainda tímido e aos poucos. Por trás da cachoeira brota um arco-íris multicor, que se mistura a cor dos seus olhos que tanto me encanta.
O pôr do sol alaranjado se faz notar no último resquício do dia, o silêncio nos enche de paz, o coração bate compassadamente feliz.
A noite, a rajada de vento bate na janela, a coruja canta, o trovão estronda na imensidão do universo e um raio risca o céu se partindo ao meio.
O cachorro acuado se esconde, o cavalo relincha na cocheira.
Lá na sala de chão de ladrilho você se balança na rede. No canto da sala, uma viola espera o dedilhar de seus dedos e o assobiar de uma antiga melodia sai por entre seus lábios.
O jantar já está servido, a chama da vela trêmula reflete-se na taça de vinho.
Tudo é perfeito, tudo é amor, tudo é divino e magestosamente lindo, as mãos entrelaçadas, a poesia das palavras afagando as nossas almas.
Poderia ser eu e você, mas é só uma lenda distante...
Além do rio...
Deuza Maria 13/03/25