A ROSA SEM REDOMA
No meio de um vasto campo florido, onde o vento dançava suavemente entre as pétalas, uma jovem caminhava com passos leves. Seus olhos brilhavam diante da beleza ao redor, mas foi uma rosa específica que capturou sua atenção. Diferente das outras, aquela flor exibia um vermelho intenso, como se carregasse em si o próprio coração da natureza. Mas havia algo mais: seus espinhos eram afiados, desafiando o toque de quem se aproximasse.
Ainda assim, a jovem não hesitou. Com delicadeza, segurou o caule espinhoso e colheu a rosa, sentindo um leve arranhão em seus dedos. Em vez de recuar, sorriu. "Você é linda assim como é", sussurrou, levando a flor consigo.
Ao chegar em casa, colocou a rosa em um pequeno vaso, deixando-a livre sobre a mesa de seu quarto. Não cortou seus espinhos, nem a cobriu com uma redoma. Apenas a cercou de carinho e atenção.
A rosa, em sua inocência, sentiu-se feliz. Entre tantas flores no campo, havia sido escolhida! Mas, com o passar do tempo, surgiu uma inquietação. "E se meus espinhos forem um problema?", pensou. "O que acontecerá quando ela perceber que posso machucá-la?"
Tomada pelo medo, a rosa lamentou em silêncio. "Ah, natureza, por que me fizeste assim? Eu só queria ser bela e suave, sem medo de ferir quem me ama. Se ela se cansar dos meus espinhos, serei jogada fora, fadada a secar e morrer..."
Mas os dias passaram, e a jovem continuava a cuidar dela. Nunca demonstrou incômodo, nunca tentou mudar nada nela. Apenas a amava como era.
Foi então que a rosa compreendeu: já havia sido escolhida. Não precisava se moldar para merecer aquele amor. Seus espinhos não eram um defeito; faziam parte de sua existência, e, ainda assim, ela era amada.
E assim, a rosa floresceu sem medo.
Pois o amor verdadeiro não exige mudanças, não pede que sejamos menos do que somos. Ele simplesmente vê, aceita e permanece.
Se um dia você encontrar um amor que tente cobrir seus espinhos ou colocá-lo sob uma redoma, talvez seja hora de procurar mais adiante.