POR ONDE ANDA UM (A) FILHO (A) QUE EU NUNCA CONHECI?
E olha que o começo desta história aconteceu no século passado, ou seja, há 50 anos. Portanto, pelo que tudo indica, se não aconteceu nenhum imprevisto mais grave após aquele desencontro da jovem grávida que esteve no meu antigo emprego me procurando, aquela criança que ela carregava no seu ventre foi fruto do nosso relacionamento com apenas um encontro íntimo. Vamos aos fatos?
Tarde tranquila de final de trabalho na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Um colega me procura com ar preocupado, confessando uma de suas enrascadas. Ele mantinha um romance com uma garota que conquistara lá mesmo durante o serviço. Quando ela vinha acompanhando algum parente para alguma consulta ou vinha fazer uma visita, ao invés de ficar lá dando a atenção ao doente, ela simplesmente ia se jogar nos braços do seu amante, um funcionário do hospital, que sempre arrumava um meio para dar uma fugida ao seu apartamento contíguo para uma "troca de óleo com aquela garota. Neste dia então ela o pegou de surpresa. Chegou com uma amiga, colega, vizinha à tiracolo que também estava no cio e ansiava por sexo. Ele ficou numa situação delicada. E se perguntou: E agora, José? E agora? Tem o João pra me salvar. Vou pedir pra ele ficar com aquela garota na lanchonete, tomando uma cerveja enquanto vou dar uma rapidnha só pra não ficar no branco. Dito e feito. Feita a proposta, lá foram os dois ao encontro das "sedentas" por sexo. Feita a apresentação, sem perder tempo, lá foi embora o casal, enquanto o outro ficou ali conforme o combinado anteriormente. Só que ninguém manda no desejo ou coração de ninguém. Em poucas palavras daquela morena, sem dar uma de garanhão, logo senti minha masculinidade em jogo. Ela estava muito inquieta naquela cadeira e com os olhos brilhando, os lábios sempre umedecidos por uma língua provocante, eu senti meu corpo dar provas de que algo melhor iria acontecer naquele ínterim prazeroso do meu colega com a sua linda amante. Resolvi fazer primeiro o teste da mão. Ela aceitou incontinenti. O meu coração pulsou forte e falei:
- Quer saber de uma coisa, vamos sair um pouco?
- Você é quem sabe! respondeu sucintamente e com um olhar malicioso.
Deixamos aquele ambiente simples cheirando a cerveja e fomos andando pela rua onde fica o hospital. Chegando em frente a um hotel que eu já conhecia apenas falei:
- Vamos entrar?
Novamente ela respondeu com as mesmas palavras:
- Você é quem sabe!
Entramos. Assinei o que tinha assinar, paguei o que tinha que pagar e pau pra que te quero. No ambiente com aquela cama toda bem arrumada, logo que ficamos livres das nossas roupas, lentamente nos unimos como namorados de primeira aventura. Mão naquilo, aquilo na mão e vamos que vamos. Não demorou muito os gritos de prazer surgiram naquele final de tarde naquele quarto antes silencioso. Iguais dois pintinhos no lixo, isto é, ambos saímos dali bem satisfeitos e depois do serviço feito foi que ela se lembrou:
- E você nem usou preservativo! Já pensou se eu engravido?
- Bebê à vista! - me lembro que ainda brinquei.
Depois que o meu colega chegou com aquela cara de safado teve a petulância de perguntar:
- Caramba, ainda aquela mesma cerveja que deixamos?
- Nós não bebemos, comemos!
Ele e ela ficaram sem entender nada. Mas algum mistério ficou no ar naquele momento. Neste momento, ninguém tocou no assunto, ficando o dito pelo não dito. Só depois que elas pegaram a condução e foram embora, ao voltarmos à lanchonete, o meu colega ficou sabendo da minha aventura que não estava programada.
- Olha, amigo, você com esta carinha de inocente, deu uma de defunto pra faturar o coveiro!
- Nossa, colega, não tinha outra comparação melhor ou menos fúnebre?
- Fica esperto, que aquela garota é virgem!
- Você quis dizer: Era virgem!
- Você entendeu. Se ela aparecer aqui grávida, se prepara pra o chá de bebê!
Após este fato, à minha revelia, aconteceu um imbróglio certo dia durante o meu serviço e um funcionário teve o desplante de me entregar a alta cúpula daquela administração hospitalar por um fato que poderia ter sido resolvido entre nós. Mas, querendo ganhar algum ponto, a grande injustiça foi ratificada e a minha demissão consumada.
O tempo foi passando e após deixar aquele ambiente arrumei outro serviço e nunca mais voltei lá para me encontrar com algum colega, principalmente aquele que me apresentou aquela jovem e tivemos aquele encontro muito agradável. Para minha surpresa, como eu sabia o endereço dele, certo dia, resolvi lhe fazer uma visita. Nesta ocasião, acredita se quiser, o cara era mesmo insaciável, não perdia tempo, o cara estava despedindo de um rabo de saia com quem acabara de passar alguns bons momentos. Então, entre uma cerveja e outra, conversa vai e vem ele me contou que após alguns meses aquela antiga amante apareceu ao seu apartamento acompanhada desta vez do pai dela, o qual exigia uma reparação sobre a gravidez da filha, falando até em casamento e coisa e tal. Entre "cobras e lagartos" ele os despediu e lembra que ainda ouviu da antiga parceira:
- E aquela minha colega daquela vez que veio comigo também engravidou, mas não quis vir atrás do seu colega que plantou um filho na barriga dela!
- Barriga sua e dela que vieram nos oferecer de graça e sem que fizéssemos nenhuma esforço, pelo menos só para tirar a roupa para o serviço!
E aquele imbróglio ficou por isso mesmo. O dito pelo não dito.
E agora, após 50 anos, eu com 74 e ela, aproximadamente, 72, pois naquela ocasião eu estava com 24 e ela 22, obviamente, por estes dias, comecei a pensar nesta hipótese se toda aquela história se transformou em outra família, mesmo com a ausência do pai, neste caso, eu, que formei minha família, hoje com um filho e uma filha, ambos com suas respectivas famílias e dois filhos, no caso, meu únicos netos, pelo menos que eu conheço. E se aquela outra família também cresceu, frutificou? Quem sabe, hoje eu teria mais um (a) filho (a) e mais algum (a) neto (a). Se realmente um encontro deste tipo viesse acontecer seria, sem dúvida, muito motivo para festa e muita emoção. E o programa FANTÁSTICO teria mais um motivo para mais audiência. Será?