O Parabéns Que Importa
Fiz vinte e seis anos hoje.
Sem fogos, sem festa, sem euforia.
Quase ninguém lembrou, e tudo bem,
a vida moderna é uma máquina,
e cada um gira preso ao seu próprio eixo.
Não houve brinde, nem abraços em coro,
nenhuma enxurrada de mensagens ensaiadas.
Mas, na mesa do café da manhã, um bolo.
Pequeno, singelo, doce.
Tão simples, mas carregado de tudo.
Meus pais estavam ali.
Os dois. Sempre eles.
Os que me amam sem data marcada,
sem aviso prévio, sem necessidade de lembrete.
Eles que me ensinaram o peso da palavra "parabéns",
não dita por convenção, mas por amor.
E então percebo…
Talvez eu tenha esperado demais dos outros,
talvez tenha criado um desejo de celebração
que só existia na minha cabeça.
Mas a verdade é que o único "parabéns" que vale
não é o que vem de quem mal se lembra,
mas o que brota do coração dos que nunca esquecem.
No fim, a vida me deu o presente certo:
a certeza de que não estou só,
de que o essencial esteve ali,
sentado comigo, ao redor de um bolo simples,
que simbolizou muito mais do que uma festa poderia.