Uma História Antiga.

Uma História Antiga.

Luzes acendem.

Olhos se encontram.

Sorriso no canto da boca, diz gostar do flerte.

No som ambiente Whitney Houston canta Where Do Broken Hearts Go alimentando os desejos e encorajando o avançar.

No salão alguns casais dançam, ele avança desconcertado em sua direção, a convida para uma dança, houve alguns segundos para aceitar, por fim, encontravam-se abraçados deslizando pela melodia que impregnando o ar. Devido a altura do som e a distância dos dois, não era possível ouvir o que diziam, mas, era agradável a ponto de entre um olhar e outro, risos eram manifestados.

Ela vestia um vestido vermelho com decote no colo e uma abertura no lado direito.

Ele vestia um Smoker preto, de gravata borboleta elegantemente.

Parecia que as horas não passavam, parecia estarem só naquele saguão embora lotado de colegas antigos. Era um baile de formandos de 1970, alguns perderam a forma de ontem, outros mantinham semelhanças absurdamente de outrora, entretanto, nenhum deles perdeu a essência daquela época. Cumprimentos foram feitos, conversas sobre lembranças antigas foram trazidas a tona, revelações foram feitas com ou sem intenções maldosas regadas de sangria e cervejas.

Uma pausa para os encarregados do som abastecesse. Aquele casal parou por este momento, há quem dissesse que ambos não conseguiam se soltar como se houvesse uma atração impedindo-os. Ele a convidou para sua mesa, puxou a cadeira, acomodou-a delicadamente com o mesmo afinco de outrora no sexto ano, encheu sua taça com o vinho que estava no gelo, brindaram o reencontro deixando claro o prazer daquele momento. De repente, uma coragem avassaladora tomou-o e ele falou:

- Débora, você não tem ideia do quão feliz estou em vê-la. Fazem quinze anos que não a vejo, deste quinze anos, dez dele foi em busca. Perguntei pelos seus, invadi vários acessos digitais quando via ou ouvia seu nome. Agora, como por acaso, um encontro deliberado eis que esta aqui em minha frente. O que quero dizer com tudo isso, é que sempre a busquei, por que, sempre te amei e ainda amo!..

O rosto dela corou, por um momento quase sai alguma coisa por entre seus lábios, seus olhos marejaram quase deixando escapar uma lágrima, depois, deste cenário sua voz se fez ouvir:

- Rocha, é inacreditável ouvir tudo isso de você agora. Na época do colegial ou eu estava cega, ou, estava tão nítido sua intenção que não vi. Lembra da festa de São João, estavamos conversando sobre as férias, do lugar que iríamos passar, convidei-o para passar comigo e sua resposta fora negativa. Por que? Deu-me a entender que já tinha planos e eu não estava inclusa. Foi ai que desmanchei qualquer esperança. Poderia hoje dizer-me o que impossibilitou de hoje estarmos junto?

Ele a olhou com vergonha para falar-lhe:

- Eu lembro-me. Havia um temor de ser negado embora o convite estava feito. No momento parecia ser uma verdade, no entanto, poderia ser apenas amizade e não queria passar por isto. Vergonha.

Ela sorriu pela incapacidade dele de prever o certo, mas, concordou que a idade, o tempo não foi de muita ajuda, e, segurando a mão dele, o puxou até metade da mesa, debruçou na outra metade e o beijou. O beijo levou três minutos até um colega chegar na mesa dos dois gritando:

- Puta que pariu. Pensei que ia morrer sem ver esta cena, tem o que vinte anos a espera desse amor. Cara temos que brindar isto.

O colega pegou o vinho, completou a taça, brindando disse:

- Débora, não sei que feitiço você fez, esse homem nunca a esqueceu. Olha que ofereci várias colegas, minha irmã pediu-me que fizesse uma ponte, e, tudo que ouvia deste infeliz era que, encontraria você e não deixaria-a sair sem dizer o quanto te amou e ama.

Ela sorriu encabulada. Ele não sabia onde enfiar a cara. O colega, esse não tinha censo, nem desconfiômetro, contudo, a noite seguia inesperada, encantada, e, acima de tudo, cúmplice desse amor que perdurou por mais de uma década. Entre risos, lágrimas, encontros, duas pessoas seguiram naquele momento um novo amanhecer, um novo capítulo de uma história antiga...

Texto: Uma História Antiga.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 11/02/2025 às 07:34

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 11/02/2025
Código do texto: T8261986
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