Sob as Sombras da Alfama

No coração de Lisboa, no bairro de Alfama, onde ruas estreitas e calçadas de pedra contam histórias seculares, Tania e Paulo se cruzaram pela primeira vez. Era primavera, e o cheiro de jacarandás misturava-se ao aroma de café fresco vindo das pequenas tascas. Tania, uma artista de rua que pintava azulejos, estava concentrada em sua arte quando Paulo, um músico que tocava fado em uma casa próxima, parou para observar.

“Belos traços,” disse ele, com um sorriso tímido. Ela levantou o olhar, surpresa, e notou a guitarra portuguesa pendurada nas costas dele.

“Belas notas, imagino,” respondeu, apontando para o instrumento.

Naquele instante, uma conexão inexplicável se formou. Durante semanas, Paulo passava pelo mesmo local, trazendo consigo uma melodia nova a cada dia, enquanto Tania continuava seus desenhos. Ele tocava enquanto ela pintava, e os dois, sem perceber, criavam juntos uma obra única: arte que falava de amor, moldada pela música e pela cor.

Uma noite, Paulo a convidou para assistir ao seu espetáculo. A pequena casa de fado estava lotada, e ele dedicou uma canção a ela, uma melodia inédita, que falava de ruas estreitas, de almas perdidas e de encontros improváveis. Tania, emocionada, sentiu as lágrimas brotarem.

Após o espetáculo, caminharam lado a lado até o miradouro da Senhora do Monte. A cidade, iluminada pelas luzes da noite, parecia um mar de estrelas. Paulo segurou a mão dela e confessou: “Desde o primeiro dia em que te vi, sabia que minha música precisava de tua cor.”

Tania sorriu, encostando a cabeça em seu ombro. “E eu, desde que ouvi tua música, sabia que minhas cores finalmente tinham voz.”

A partir daquele dia, os dois se tornaram inseparáveis. Criaram juntos um ateliê onde a arte de Tania decorava as paredes e a música de Paulo preenchia o ar. Os turistas que visitavam Alfama levavam consigo não apenas os azulejos e as melodias, mas também a história de amor que transbordava em cada detalhe.

E assim, entre fados e azulejos, o amor de Tania e Paulo continuou a florescer, sendo uma das muitas histórias que Lisboa guarda em suas ruas antigas, onde cada canto parece sussurrar um segredo de paixão eterna.

João Paulo Leal
Enviado por João Paulo Leal em 01/01/2025
Código do texto: T8231711
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