O Pedido – Uma Prosa Poética
Nosdielg se aproxima, os olhos transbordando um misto de ansiedade e ternura:
— Posso lhe fazer uma pergunta?
Anahull, com a graça de quem encanta sem esforço, sorri:
— Sim, não só uma, como duas.
Ele respira fundo, hesitando por um breve momento:
— Será que teria crédito para lhe fazer um pedido?
Curiosa como sempre, ela insiste, a voz delicada e cheia de expectativa:
— O que é? Você sabe que sou curiosa.
Nosdielg ergue a mão, pedindo paciência:
— Calma... Aqui não. Depois.
Anahull aceita o mistério e segue seu caminho, mas a dúvida pulsa em seu peito.
O Reencontro
Dias depois, como se o destino conspirasse, eles se encontram. Ele, sem esconder o nervosismo, aproxima-se:
— Lembra da minha pergunta naquele dia?
Ela, num tom meio brincalhão, responde:
— Lembro, mas ainda não ouvi o seu pedido.
Nosdielg, com a firmeza de quem não quer deixar o momento escapar:
— Vou fazer agora, mas promete que não vai rejeitá-los. São dois pedidos!
Anahull arqueia as sobrancelhas, intrigada:
— Dois? E quais seriam?
Ele suspira, buscando coragem:
— Quando você envelhecer, permita-me estar ao seu lado.
Ela, surpresa, ri com doçura:
— Mas você já pode estar ao meu lado agora. Por que esperar pela velhice?
Ele responde com a sabedoria de quem sente profundamente:
— Porque na nossa velhice, não terei mais forças para resistir às repreensões. Ainda assim, sei que ganharei seu olhar, seu sorriso e, talvez, o toque das suas mãos.
Anahull, tocada pela profundidade de suas palavras, o encara com um brilho nos olhos:
— Você não precisa esperar. Pode estar ao meu lado agora, se quiser.
Nosdielg balança a cabeça, confuso, quase hesitante:
— Agora, não tenho o direito de dizer o que está preso em meu peito.
Ela sorri, como se desvendasse um segredo antigo:
— Basta falar.
Ele sussurra, quase inaudível:
— Não é tão simples assim.
Anahull, com um tom decidido, afirma:
— Se é assim, na nossa velhice quero encontrá-lo por lá.
Após um breve silêncio, ela quebra a tensão:
— E o segundo pedido?
Ele hesita novamente, mas finalmente se rende:
— Permita que nos encontremos fora daqui, em outro lugar.
Ela reflete por um instante, a resposta clara em seu coração:
— É só marcar o dia, o horário e o lugar.
Nosdielg, incrédulo, busca confirmação:
— Você está falando sério? Posso marcar?
Ela assente, sorrindo com suavidade:
— Sim, pode.
Ele, ainda temendo que tudo fosse um sonho, insiste:
— Você aceita mesmo me ver novamente?
Ela repete com firmeza:
— Sim.
O Toque Final
Por fim, ele a encara profundamente:
— Me dê sua mão.
Anahull, intrigada, estende a mão, perguntando:
— Para quê?
Ele a segura com delicadeza, levando-a ao peito. Com a voz embargada, confessa:
— O que você construiu aqui dentro ninguém pode destruir, exceto eu, nas minhas inúmeras tentativas de arrancar isso do meu coração. Mas não consigo. Somente você tem a ferramenta certa para demolir o que edificou aqui.
Anahull, tomada por uma emoção avassaladora, sente suas lembranças invadirem seu coração, misturando o presente com sonhos que ela nem sabia que possuía.
E ali, no silêncio cheio de significados, o destino dos dois começava a se traçar, como um poema escrito a quatro mãos.