Entre Ventos e Estrelas
Era uma vez, em um reino onde as estrelas eram mensageiras e os ventos carregavam recados, dois corações separados por vastas terras. Ele, um curandeiro bondoso, conhecido por aliviar as dores e trazer alegria onde passava. O outro, um príncipe de olhos prateados, cuja presença iluminava cada canto do castelo onde vivia.
O curandeiro vivia num vale florido, cercado por tulipas e jacintos que ele cultivava com carinho. Apesar de sua bondade ser conhecida em todo o reino, ele guardava uma insegurança secreta: achava-se simples demais para merecer grandes amores. Uma noite, olhando para a lua, suspirou:
— Será que há alguém neste mundo que enxergará além do que sou?
Longe dali, no castelo dourado, o príncipe caminhava pelos jardins, cercado por flores exóticas e fontes cristalinas. Mesmo assim, seu coração estava inquieto. Ele ergueu os olhos para o céu e murmurou:
— De que vale toda esta beleza se não tenho alguém que veja além dela?
Naquela mesma noite, o vento, sempre curioso, ouviu os dois pedidos e decidiu agir. No dia seguinte, enquanto o príncipe contemplava uma manhã cinzenta, uma mensagem caiu aos seus pés. Ela dizia:
"Os olhos veem a superfície, mas o coração enxerga além. Quem sou eu? Apenas um curandeiro que deseja fazer alguém sorrir."
Intrigado, o príncipe sorriu.
— Quem será que escreve com tanta alma? — pensou ele, respondendo ao vento com um bilhete:
"Se o coração enxerga além, que ele guie nossas palavras. Sou apenas alguém à espera de um sorriso verdadeiro."
Assim começou uma troca de mensagens encantadas. Em uma delas, o curandeiro confessou:
— Às vezes, penso que não sou digno de um amor grandioso. E você? Não teme que eu não seja quem espera?
O príncipe respondeu com determinação:
— Quem ama, ama o coração, não a aparência. Você já é mais do que esperei.
Um dia, o curandeiro preparou uma poção mágica com pétalas de tulipas e o brilho de uma estrela. Junto dela, enviou uma promessa:
— Embora nossas mãos nunca tenham se tocado, prometo ser seu amigo, seu apoio e, se me permitir, seu amor.
Comovido, o príncipe respondeu com um presente especial: um espelho encantado, que refletia não o rosto, mas o coração de quem o olhava.
— Veja por si mesmo, curandeiro. O que enxergo em você é beleza que nenhum espelho comum pode mostrar.
— Então você acredita em mim? — o curandeiro perguntou, tocado.
— Acredito, sim, — disse o príncipe. — E se o vento nos aproximou, não será a distância que nos afastará.
E assim, mesmo sem se encontrarem, eles viveram como em um conto de fadas, onde as palavras eram a ponte entre seus mundos. Seus corações sabiam que o verdadeiro amor não depende de palácios ou distâncias, mas de dois espíritos que escolhem se cuidar e se amar, dia após dia.