O Amor que o Vento Trazia

Maria Clara era apenas uma menina quando conheceu Rafael. Ele chegou na pequena cidade dela com o brilho de quem carregava o mundo nos olhos e o peso das estrelas nos ombros. Desde o primeiro instante, algo invisível os conectou — um fio tão forte quanto o destino, tão frágil quanto um suspiro.

Rafael era intenso, cheio de sonhos e cicatrizes. Maria Clara, por outro lado, tinha o coração puro e uma sensibilidade que beirava o inexplicável. Desde que se conheceram, ela passou a sentir mais do que deveria: suas alegrias e dores, mesmo à distância, como se fossem dela.

Era sempre assim. Quando Rafael estava bem, o mundo de Maria Clara parecia mais leve. Mas nos dias em que ele se afundava em pensamentos sombrios, era como se uma tempestade tomasse conta de seu peito. Ela sabia, mesmo sem palavras, o que ele sentia. Era um vínculo que ia além do corpo, algo que desafiava a lógica e pertencia apenas à intensidade do que viviam.

Ele viajava com frequência, e ela sempre sabia quando Rafael chegava à cidade, antes mesmo que ele a avisasse. Havia uma vibração no ar, um chamado silencioso que fazia seu coração acelerar. Quando finalmente se viam, era como se o tempo parasse. Os olhares trocados, os sorrisos compartilhados, e as horas passadas conversando até o nascer do sol pareciam preencher todos os espaços vazios que existiam neles.

Mas nem todo amor, por mais arrebatador, está destinado a ficar. As escolhas, as circunstâncias, e até os medos criaram um abismo que eles não sabiam como atravessar. Um dia, Rafael não voltou mais. E Maria Clara, apesar de toda a dor, nunca conseguiu odiá-lo.

Ela ainda o sentia, mesmo longe. Sabia quando ele estava feliz, quando algo em sua vida mudava, ou quando ele enfrentava novos desafios. E às vezes, em noites silenciosas, Maria Clara jurava sentir o amor que ele ainda guardava por ela.

O tempo passou, mas o sentimento não. Eles seguiram caminhos diferentes, mas o que viveram permaneceu, como uma chama que nunca se apaga completamente. Não era tristeza, nem arrependimento — era apenas um amor que o vento levava e trazia de volta, como uma lembrança suave e persistente.

E assim, mesmo separados, Maria Clara sabia que aquele amor nunca realmente a deixou. Ele fazia parte dela, como a brisa que acaricia o rosto e lembra que, por mais breve que seja, há momentos que duram para sempre.

Raquel Bonelli
Enviado por Raquel Bonelli em 28/11/2024
Reeditado em 28/11/2024
Código do texto: T8207298
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