AS PAIXÕES DE UM SONHADOR

Em uma cidade marcada por luzes ofuscantes e sombras profundas, onde os cabarés pulsavam com música e risos, vivia um homem que, apesar de seu nome ser associado a figuras de poder e opressão, era apenas um sonhador: Stalin. O seu mundo não era o dos líderes, mas das mulheres que dançavam sob os holofotes, dos sorrisos que brotavam entre goles de vinho e risadas soltas. Ele se perdia em cada farra, cada noite se transformava em um espetáculo de cores e sons que o afastava da realidade rígida que o cercava.

Desde a adolescência, suas paixões eram como chama que nunca se extinguia. Ele se entregava a cada dama da noite com a esperança de que, em algum lugar, encontraria aquele amor sobrenatural que tanto almejava. Um amor que transcendesse a superficialidade, que fosse capaz de se sacrificar, assim como ele sonhava ser. As mulheres, no entanto, eram efêmeras, e cada romance se desenrolava em um breve ato antes de se apagar.

Com os anos, a saúde de Stalin começou a se deteriorar, mas seus hábitos permaneciam intactos. As zonas boêmias continuavam a chamá-lo, e ele se entregava a elas com a mesma intensidade de sempre. Contudo, as noites agora eram mais silenciosas, as danças mais lentas. Ele observava as garotas, suas risadas ecoando como um eco distante, enquanto o tempo se esvaía entre seus dedos.

A solidão, antes uma companheira tolerável, agora se tornava insuportável. Ele percebia que, apesar de ter se doado tanto, estava cercado por um vazio que se expandia a cada dia. As mulheres que passaram por sua vida não eram apenas figuras passageiras; muitas delas se lembravam dele com um carinho especial, e em algumas ocasiões, até se apresentavam como suas esposas para os outros. Ele se tornara uma lenda entre elas, um símbolo de um amor que nunca se concretizou.

Em um momento de reflexão, sentado à mesa de um café, observando o sol se derretendo no horizonte, Stalin finalmente compreendeu a lição que a vida lhe oferecia. O amor que ele buscava não era uma miragem, mas uma construção que exigia entrega e reciprocidade. Ele se lembrou das manhãs em que o café na mesa vinha acompanhado de risos e sabores, das cores vibrantes que dançavam em seus pratos.

Ele escreveu uma última reflexão em um pedaço de papel amarrotado:

"O fim de quem não amou

Veio do nada e vai voltar para o nada novamente.

Num prato dourado, o sol se derrete,

Ovos dançam, a vida se enche de cores,

Com um toque de amor e um pouco de sorte,

Café na mesa, risos e sabores."

Agora, com a serenidade que só a solidão pode trazer, Stalin aceitou que sua busca por um amor eterno havia sido uma jornada à procura de algo que talvez nunca existisse. Ele sorriu ao lembrar que, mesmo em sua solidão, deixou um pouco de si no coração de cada mulher que teve a sorte de cruzar seu caminho. E isso, afinal, era uma forma de amor.