Amor platônico

Verônica nasceu

na cidade maravilhosa

exatamente como eu,

mas com uma grande diferença,

pois nela sempre viveu,

inclusive até mesmo agora,

enquanto no meu caso

fui levado por mamãe para morar

no belo Nordeste brasileiro,

na cidade de Recife, de fato,

onde vivi toda a minha juventude, é claro.

Lhe conheci em minhas andanças

por esse imenso Brasil,

quando dos Estados Unidos retormei

no ano de 1982,

totalmente determinado para vencer

na cidade onde nasci, de fato.

E, numa das vezes que passei

grande parte do dia

na praia de Copacabana, é claro,

foi exatamente num dia totalmente ensolarado

que Verõnica conheci,

uma belíssima morena

com os seus cabelos negros amarrados

usando um boné e óculos escuros,

de um sorriso realmente extraordinário,

estava com as suas amigas

curtindo o verão carioca,

por isso Copacabana estava lotada.

Conversamos e ficamos bons amigos,

e até mesmo conheci os seus pais

que, por ambos serem engenheiros da Petrobrás,

tínham um padrão de classe média alta,

que naturalmente deu a Verônica

o luxo de não ter de trabalhar

antes de completar a universidade.

Após sete meses retornei

bastante magoado,

por realmente ter visto

ser para mim impossível

sozinho viver no Rio de Janeiro,

com o salário minguado,

que o Banco Nacional me pagava

mesmo tendo grandes mordomias

por trrabalhar na sua matriz

em escritório e no departamento

do FGTS do banco, de fato.

E assim o tempo passou...

soube que Verônica se casou

com um também engenheiro como ela,

porque engenheira também se tornou,

casou-se e teve dois filhos

mas, que nunca os vi,

e certa vez em um dos meus telefonemas

aos seus maravilhosos pais

quem atendeu o telefone foi ela

e, para a minha grande surpresa me falou

que me amava platonicamente, de fato,

surpreso lhe agradeci mas confesso

que, por intimamente não lhe conhecer,

então optei de nunca mais ligar

para os seus pais e, assim fiz, é claro,

pelo fato de não ser o pivô

de destruir o seu amor

nem muito menos o seu casamento, é claro,

embora naturalmente saiba

que amor platônico não é o mesmo

que ela sentiu e sente e por isso se casou.

Silvio Parise
Enviado por Silvio Parise em 19/10/2024
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