O VESTIDO DE NOIVA
Faltava pouco para se casarem. Depois de tanta luta e sacrifício, enfim, iriam realizar o sonho de suas vidas.
Ela cuidava dos últimos retoques da festa e ele distribuía os últimos convites. Eram o retrato da felicidade.
Numa manhã, ela experimentou o vestido de noiva que iria usar na cerimônia. Estava lindíssima.
Estava nisso, quando ouviu a campainha. Esperava não ser o seu noivo, pois não queria, em hipótese nenhuma que ele a visse deste modo, pois traria falta de sorte.
Na verdade, era um antigo namorado. Vinha lhe dar os parabéns pelo casamento.
Ela sentiu algo estranho: ele que a fizera sofrer por algum tempo, a tratara mal, a humilhara, tinha vindo lhe dar os parabéns. Ela tinha superado tudo, se reerguido, encontrado um rapaz que a amava imensamente.
Sentiu medo de admitir, mas não podia esconder os fatos. Ainda o amava, ainda estava apaixonada por ele.
Ele já iria embora, mas ela pediu que ficasse.
E não houve jeito: aquela paixão veio à tona num beijo demorado.
Por fim, ela se deu conta do que fizera. Sentia nojo, ojeriza de si mesma.
Mas ela a convenceu a fazer o que ela queria, mas não tinha capacidade de imaginar: fugir.
Dominada por algo maior do que ela, assim o fez: tirou o vestido, colocou-o no manequim, arrumou sua mala. Antes de ir embora, escreveu um bilhete, prendendo-o, com um alfinete, no vestido.
O noivo, ao chegar do trabalho, entrou na casa, chamando pelo seu nome. Não houve resposta.
Ao chegar ao quarto, encontrou o bilhete, onde ela lhe implorava o perdão, pedindo que entendesse.
O rapaz foi tomado por uma fúria tamanha e descontou no vestido de noiva, que foi reduzido a trapos, testemunha de mais uma desilusão amorosa.
2003