A ENFERMEIRA
O soldado havia sido gravemente ferido pela artilharia inimiga.
Levado pelos seus companheiros de pelotão para um hospital de campanha, sentia a vida se esvaindo. Pela sua mente, passavam os momentos felizes junto a seus pais.
Delirava, acometido por uma dor lancinante que lhe cortava por dentro.
Colocaram-no numa cama e deixaram-no aos cuidados das enfermeiras, já sobrecarregadas, tentando atender centenas de outros feridos. Mas seus colegas nada mais podiam fazer: deveriam voltar para os campos da morte, aos sangrentos combates daquela guerra sem sentido.
O jovem já começava a agonizar.
Sua hemorragia só aumentava. A dor havia lhe tirado os sentidos.
Nesse instante, uma jovem enfermeira, passou a cuidar dele. Com os parcos recursos que tinha, aliado à sua habilidade, conseguiu estancar a hemorragia. O rapaz estava salvo.
Reparou no rosto daquele soldado: apesar de pálido e sujo de lama, era muito belo. O soldado também ficou encantado com as feições daquela jovem. Mas muito fraco, nada pôde dizer: exaurido, caiu em um sono profundo.
Passado algum tempo, foi assinado o armistício.
Os soldados puderam retornar para os seus lares, para as suas famílias.
O jovem, já totalmente recuperado, estava entre os que voltaram.
Começou a administrar os negócios do pai, um grande industrial. Mas não se esquecera daquela jovem enfermeira que lhe salvara a vida. Tinha feito esforços para encontrá-la, mas todos baldados.
Passaram-se mais alguns anos.
Certo dia, ao fazer uma vistoria na linha de produção de uma de suas fábricas, passando por uma jovem funcionária, sentiu o coração bater mais forte. Se deteve perto dela e ao olhar o seu rosto, não teve dúvidas: era a enfermeira que o salvara!
Emocionado, lhe agradeceu por salvar a sua vida.
“Quem planta o bem, colherá o bem e o colherá em grande abundância”.
2003