O POETA ALCOÓLATRA E A MULATA
Era uma manhã ensolarada quando o poeta, um homem de cabelos desalinhados e vida marcada pelo álcool, chegou à escola municipal Zélia Conceição Souza da Silva. Ele estava entre outros poetas, todos prontos para compartilhar suas palavras com os alunos. A atmosfera era vibrante, cheia de risos e a expectativa de um dia recheado de versos e rimas.
Durante sua apresentação, o poeta declamou um soneto que falava sobre a beleza efêmera da vida e do amor. O público, composto por alunos, pais e mestres, escutava atentamente, mas o coração da mulata mãe de dois filhos, que havia se retirado mais cedo por um imprevisto, bateu mais forte. Seu filho havia recitado aquele poema, e ela sentiu uma conexão inexplicável com o autor.
Dias se passaram até que, tomada pela gratidão, decidiu enviar uma mensagem ao poeta. Com um toque nervoso, digitou suas palavras de agradecimento. Ele, surpreendido e encantado pela mensagem, respondeu quase que instantaneamente. Assim começou uma troca de mensagens que, a princípio, era apenas uma conversa amigável sobre literatura e a vida na comunidade.
Mas o calor das conversas logo se transformou em algo mais intenso. Em um momento de ousadia, ela o convidou para uma festa na escola onde estava cursando o segundo grau. Ele aceitou, intrigado e animado. O que ele não sabia era que ela tinha um plano em mente. A mãe já havia decidido que ele seria o homem de sua vida e usou o pó de Tamaquaré, um ingrediente mágico que prometia despertar o amor, disfarçado em uma torta.
No dia da festa, após ele saborear a torta, algo mudou. O olhar que antes era apenas uma curiosidade se tornou um desejo fervoroso. Eles se encontraram mais vezes, e em uma dessas ocasiões, os lábios finalmente se tocaram, dando início a uma paixão avassaladora. O amor explodiu entre eles, e em pouco tempo, estavam juntos, enfrentando os desafios da vida.
A convivência trouxe alegrias e dificuldades, mas ela não sabia da luta interna dele contra o vício do álcool. Quando a verdade veio à tona, após um desentendimento que culminou em uma briga, ela viu o poeta embriagado, perdido em sua própria batalha. O desespero a fez agir e, após um momento de reflexão, ele decidiu procurar ajuda no AA.
A jornada de recuperação não foi fácil, mas ele conseguiu deixar o álcool para trás. Com o renascimento de seu espírito, o amor entre eles floresceu ainda mais, resultando no nascimento de outra filha. Juntos, enfrentaram os desafios da paternidade e construíram uma família cheia de amor, riso e poesia.
Anos depois, ao olhar para trás, perceberam que cada verso, cada lágrima e cada risada foram essenciais para que, mesmo com dificuldades, eles vivessem juntos e felizes, cercados pelos quatro filhos que iluminavam suas vidas. O poeta, agora sóbrio e realizado, nunca esqueceu do poder das palavras e da mágica do amor que, um dia, o uniu à mulher que se tornou sua companheira eterna.