MÃO AMIGA

Aquela mulher era lindíssima. Desde cedo, já chamara a atenção dos homens.

Um dia, se apaixonou perdidamente. Em pouco tempo, já estava casada.

Mas logo, a sua felicidade feneceria. Aquele homem mostrou-se ser violento e dominador, dotado de um ciúme doentio.

A sua vida havia se transformando num tormento: ele a mantinha sob vigilância, seguia seus passos.

Certa vez, a espancou, deixando-lhe um grande hematoma no rosto. A impediu de denunciá-lo a polícia, ameaçando-a de morte.

Na rua, encontrou com um velho colega de escola. Os dois conversaram e, para a sorte dos dois, o marido estava viajando neste dia.

O rapaz lhe contou que estava estudando para se advogado e que trabalhava num escritório próximo. Ao lhe perguntar como estava indo a sua vida, a mulher não pode resistir e chorou copiosamente. Ele ficou sem ação: ela lhe relatou o que ela passava, as humilhações, o constante terror.

Ele se viu diante de um dilema: ali estava, à sua frente, o seu grande amor, que um dia, o trocara por outro, deixando seu coração em pedaços, precisando de sua ajuda.

Mas, porque ajudar? Ela não merecia. Se casara por que quisera, por sua própria vontade.

Contudo, algo dentro do seu coração, o fez mudar de ideia: iria ajudá-la.

Disse que iriam ao seu escritório e que tudo seria resolvido.

Ela se divorciou e foi viver com os pais, começando uma nova vida. O ex-marido nunca mais a incomodou.

Ele poderia pedi-la em casamento, mas não o fez. Tinha a certeza, em seu íntimo, de que, se ela se casasse com ele, não seria por amor e sim por gratidão.

2003

Hélder Sena de Sousa
Enviado por Hélder Sena de Sousa em 20/09/2024
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