A Profecia da Cerejeira
A Profecia da Cerejeira
Em um vilarejo onde as tradições japonesas floresciam como as cerejeiras na primavera, vivia Sayuri, uma jovem de olhos castanhos e cabelos negros como a noite. Diferente das outras moças, Sayuri possuía um dom: a clarividência em sonhos. Neles, vislumbrava o futuro, antevendo alegrias e tristezas com a mesma nitidez.
Desde pequena, foi prometida em casamento à família Sayuka, uma das mais ricas e influentes do vilarejo. A cerimônia se aproximava, e a agitação tomava conta da casa dos Tanaka, família de Sayuri. As costureiras trabalhavam incansavelmente em seu kimono de noiva, bordado com fios de ouro e decorado com delicadas flores de cerejeira.
Noites adentro, Sayuri sonhava com o grande dia. Via-se radiante sob o véu branco, mas uma sombra obscura pairava sobre sua felicidade. Em um sonho vívido, a cerejeira do jardim da família Sayuka murchava, e um vento gélido assolava o vilarejo.
Aterrorizada, ela tentava alertar sua família, mas suas palavras eram ignoradas.
O dia do casamento finalmente chegou. A cerimônia foi suntuosa, com música tradicional e rituais ancestrais. Sayuri e seu noivo, um jovem de olhar frio e coração distante, trocaram votos sob a benção dos deuses. Mas a felicidade de Sayuri era apenas superficial. A profecia de seus sonhos a atormentava, e a cada sorriso forçado, um aperto em seu coração se intensificava.
Na noite de núpcias, enquanto admirava a lua cheia através da janela de papel de arroz, Sayuri teve outro sonho. Desta vez, via a si mesma e seu noivo, mortos, abraçados sob a cerejeira murcha.
Desesperada, ela acordou em meio a um pesadelo. Sabia que precisava agir para impedir a tragédia.
No dia seguinte, Sayuri confrontou seu pai. Revelou seus sonhos e implorou para que o casamento fosse cancelado. Mas seu pai, cego pela ambição, recusou-se a ouvir. A honra da família estava em jogo, e nada poderia impedi-lo.
Desesperada, Sayuri decidiu fugir com seu amado, um jovem camponês com quem havia se apaixonado em segredo. Juntos, eles planejaram escapar durante a festa de um ano após o casamento. No entanto, seus planos foram descobertos, e uma perseguição frenética se iniciou.
Cornerados em um campo de arroz, Sayuri e seu amado foram encontrados pelos homens da família Sayuka. Sem saída, eles se abraçaram sob a sombra da cerejeira, que, como em seus sonhos, começava a murchar. No momento em que as espadas se cruzaram, um raio caiu sobre a árvore, incendiando-a e consumindo os amantes em suas chamas.
A profecia se cumpriu. A cerejeira, símbolo da união das duas famílias, havia se transformado em um funeral. A morte de Sayuri e seu amado causou grande comoção no vilarejo, e as duas famílias, antes rivais, foram unidas pela tragédia. A história de amor proibido de Sayuri e seu amado tornou-se uma lenda, lembrada até hoje como um trágico romance à la Romeu e Julieta.