Outro mundo - BVIW
Tema: as sobras
Catarina Vasconcelos de Lima Castanheira casou-se com o rico produtor de soja, o barão Leonardo de Lima Castanheira em 1929, em Campinas. Era uma moça recatada, bonita de rosto e corpo, inteligente e prendada. Entendeu que sua missão era fazer feliz o barão, sendo boa esposa, incorrigível mãe e excelente administradora da casa, regendo tudo para que o homem tivesse tranquilidade ao comandar seu império. A parte mais difícil era ser uma esposa boa, porque nutria por ele um amor maior do que gostaria de sentir. E como ele era um homem muito assediado por causa de sua posição social, Catarina recebia só as sobras de seu tempo e de sua atenção. Leonardo amava sua esposa, mas eram muitos os compromissos. Quando voltava para casa, já estava literalmente esgotado, depois do encontro com a prostituta mais fina da cidade. As damas tinham pavor daquele nome Sayonara. Elas imaginavam mil coisas que se passavam na alcova de cetim vermelho da rapariga. Talvez quisessem aquele desprendimento sexual, mas a uma esposa não ficava bem que assim fosse. As esposas daquele tempo eram exibidas como troféus da pureza e do bom gosto. A elas não era permitido o prazer carnal, nem o intelectual. E as moças inteligentes eram massacradas por essa convenção. Só mesmo procurando refrigério na música ao piano e nas naves das igrejas.