O AMOR NÃO É UMA ILHA

Amigos e familiares correram de minha presença quando descobri o amor, foram-se como se nauseabundo ou leproso eu fosse. A presença de um sentimento desconhecido os alarmava, amar assim, fora dos parâmetros, não seria permitido, nem plausível ou perdoável. Afastar-se de mim os fazia melhores, um homem maculado pelos beijos proibidos da mulher alheia não era alguém para ter por perto, nada confiável.

Então se foram todos porque temiam o contágio, quanto mais longe e esquecido eu fosse mais se sentiriam limpos e puros. Uma mulher sem amor que passou a amar um homem que jamais poderia ama-la, pois a convenção social assim ditara, tinha de ser execrada junto com ele. Ambos se tornaram grande perigo para todos os grupos considerados por eles mesmos imaculados.

Fizeram do nosso relacionamento uma ilha envenenada, o amor entre nós dois recendia a objeção. Por os pés ao nosso lado significaria enlamear-se na pantanosa beleza do inconcebível. Longe deles nossa presença. Aos olhos deles o amor prescinde de veredas, é rumo linear sem bifurcações, o fundo do poço do qual sair é impossível e proibido.

Mas eu e ela provamos que tal afirmação é inverídica, há escadas no poço sem tampa, sair dele é opcional, fora desse pequeno universo existe um mar de oportunidades. Ainda que sob o desprezo de amigos e familiares. Se qualquer dia ela ou eu quiser subir a escadaria do nosso próprio espaço na direção da liberdade de novos amores, basta decidir caso novos brilhos amorosos iluminarem o fundo do poço chamando às indizíveis perspectivas vislumbra das. Pode nunca parecer, mas o amor dá a impressão de ser assim, tratá-lo como prisão é o mais crasso dos enganos.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 13/08/2024
Código do texto: T8128084
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