ODE AO ANJO LEDO.

O amor ainda existe lá dentro do peito,

O amor ainda é forte como a morte,

Este sentimento imensurável,

Eu pensei que este sentimento estava adormecido,

o julguei deveras esquecido,

de repente, bastaram as tuas palavras e

a sonoridade da sua voz surgiu

penetrou no mais profundo de mim,

este amor prisioneiro e traiçoeiro

revelou-se novamente me causando medo.

Este amor que no passado trouxe devastação,

Este amor que no passado fez-me desfalecer

Este amor que arrancou de meus olhos todas as lágrimas e

fez de mim poeta solitário e esquecido,

Escárnio de meus próprios verso,

Fez em pedaços o meu universo,

Amor com a qual sonhei noites inteiras

Amor que machucou a minha alma inteira

Amor que fez em pedaços o meu coração

Amor que eu mesmo criei.

Com muitas dificuldades e infindas lutas

o havia aprisionado no calabouço da solidão,

O tranquei e joguei as chaves fora,

Era um amor perigoso, devastador,

Um amor tão forte quanto o aço,

Um amor tão forte quanto a morte,

Um amor que fez de mim um escravo,

Eu finalmente o aprisionei, joguei as chaves fora,

Então, fechei os meus olhos e dei as costas para a prisão, fui embora sem querer ir

eu que pensei que tudo estava resolvido.

Na última noite ,entretanto,

Quando sem que eu percebesse,

Me aproximei demais daquele calabouço,

Entre as grades de ferro, eu vi o amor sem vestes

Aquele mesmo amor que devastou-me por inteiro,

Aquele amor que sempre fez de mim prisioneiro,

Aquele amor… Desfilava sua nudez,

Pronunciou do profundo das sombras as suas, Palavras despidas e devassas,

Então o que eu não imaginava aconteceu,

As lembranças retornam como fogo na memória.

Nesta última noite ,entretanto,

Foi que eu percebi o erro do passado,

eu tranquei o amor em grades de ferro,

Havia jogado todas as chaves fora,

Para certificar que ele nunca sairia dali,

porém, cometi o pior de todos os erros,

Junto à esse amor prisioneiro

eu também tranquei o meu coração...

Não havia percebido que o amor me tomou para si,

Levou ocultamente o meu coração calabouço adentro a verdade é que eu me tranquei naquela prisão.

Hoje… hoje eu já não sei o que fazer,

Talvez eu enlouqueça com esse amor,

Talvez eu enlouqueça de tanto te amar,

O que será daqui para frente já não sei

Aquelas íntimas palavras,

Pronunciadas no fogo da paixão,

Revelou o que eu sempre fui para este amor,

Eu sempre serei… Um eterno escravo de teu corpo nu.

Meu coração estava enlouquecido, morrendo de amor pelo anjo lendo, um abismo que eu mesmo criei para mim. E de repente, lá estava ela, ao longe, passou tranquilamente, eu a vi, ela não me viu. É sempre assim, ela me seduz, me enfeitiça, me enlouquece, e depois… Depois finge não me conhecer.

Essa situação está me enlouquecendo, meu coração está envenenado, eu quero aquele amor proibido, àquele corpo nu proibido, àqueles seios selvagens proibidos, mas não devo, eu não posso...

Certa vez, quando ela estava na minha mansão, em uma raríssima ocasião em que ficamos sozinhos, algo de diferente aconteceu. A princípio ela estava quieta, não queria conversa, eu a respeitei, eu não sei explicar como, mas, iniciamos um curto diálogo e a certa altura, o diálogo foi se prolongando, ela contava-me de seus sonhos, de suas aventuras como atriz, eu, apenas escutava, bebia do brilho de seus olhos, da famosidade daquela face. Mas o diálogo partiu para um terreno perigoso, assuntos e fatos ardentes, eu senti nos olhos dela um descontrolado desejo por mim, e não suportando mais, cedi a pressão do coração. Nos beijamos, fizemos amor naquele dia, beijei sua intimidade pulsante, minha embriaguez foi de sua beleza, perdoe-me por não lhes dar tantos detalhes, lembrar daquele dia é difícil, escrever os detalhes da nossa noite de amor é demais para mim.

Tempos depois, ela enviou-me uma mensagem, que ao ler petrificou minha alma. A mensagem era curta e dizia o seguinte. " Estou grávida, e agora, o que faremos? Papai está desconfiado." Aquelas palavras foram como facas no meu coração, eu, político renomado, presidente da câmara de deputados, homem conhecido de todos na cidade da terra rasgada, havia engravidado uma jovem atriz. Eu não sabia o que fazer e estava completamente desesperado. Para não ruir diante da sociedade, fiz o que não deveria fazer, o que eu reprovo em mim mesmo, fugitivo, eu abandonei a moça...

Eu vivo solitário em minha própria mansão e família, corroído pela concorrência, talvez agora os senhores compreendam o motivo que não lhes dei tantos detalhes em meus relatos. Escrever foi a forma que encontrei de aliviar o peso da alma, eu recorro a isso diariamente. Ainda há coisas a contar-lhes, pormenores de toda essa, 'história'.

Como muitos sabem, sou dono de grande riqueza, homem conhecido, porém, solitário, ovacionado, e solitário, enfim. O fruto dessa gravidez é a razão de lhes confidenciar minha vida, pois a ela, jovem adolescente, caberá toda minha fortuna em testamento. Espero que um dia ela e sua mãe possam me perdoar, embora, eu acredite com grande força, não haver perdão e nem salvação para este que vos escreve.

Contudo, ainda te amo anjo ledo, mesmo distante e covarde.

Preso no leito mortal de uma cama, como último desejo, deixo para nossa querida Alice tudo quanto conquistei.

Despeço-me com grande tristeza, como eu gostaria de um último olhar de nossa filha, ter o seu perdão.

Seu… sempre seu, Conde Olafec Orcam.

Tiago Macedo Pena e Lu Batiliere.
Enviado por Tiago Macedo Pena em 21/07/2024
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