O Homem e a Fogueira: Um Amor Impossível

Era uma vez um homem que vivia solitário em uma ilha deserta. Um dia, durante uma tempestade, um raio caiu a alguns quilômetros de onde ele estava, formando uma fogueira encantada, quase impossível de se apagar. Nas primeiras noites, o homem de longe contemplava aquele clarão, imaginava muitas coisas e se indagava o que poderia ser.

Um dia, tomou coragem e foi até aquele clarão que aparecia todas as noites. Quando se aproximou e conseguiu vê-la, ficou hipnotizado; era a coisa mais linda que ele já tinha visto em sua vida.

Depois de muito tempo estático, olhando a linda fogueira, escutou uma voz que saiu do interior dela:

- Chegue mais perto, estou tão sozinha aqui.

O homem disse:

- Não posso! Preciso voltar; logo irá ficar escuro e a noite há muitos perigos.

- Não tenha medo - disse a fogueira. - Irei iluminar suas noites e protegerei você de todos os perigos da escuridão.

Então o homem ficou e se encantou. Descobriu que, perto da fogueira, não sentia frio, não sentia medo. Divertiram-se, contaram histórias a noite toda, e a cena se repetia dia após dia.

O tempo foi passando, e em todas as visitas o homem levava lenha seca para fortalecer ainda mais a fogueira. Construiu uma cobertura para protegê-la do vento.

Em determinado dia, não suportando mais o sentimento que parecia querer rasgar seu peito, o homem se declarou para a fogueira, dizendo que não podia viver sem ela, que estava se controlando, mas na realidade sua vontade era de tocá-la e se envolver dentro dela.

A fogueira também disse a mesma coisa; sem conhecer o que era o amor, ambos estavam amando um ao outro.

Então o homem se aproximou lentamente da fogueira, com os olhos fechados e o coração disparado. Mas, quando tocou seus lábios nela, sentiu uma terrível dor que queimou todo seu rosto. Gritou, saiu correndo, e a fogueira não entendeu nada, pois ela não tinha consciência do mal que causara a quem mais amava no mundo.

Longe dali, o homem chorava de dor física e emocional. Não entendia por que a fogueira foi tão má com ele. Agora sentia um misto de raiva, medo e amor.

Certo tempo depois, olhando seu reflexo em um lago, viu a cicatriz da queimadura. O peito ainda doía, mas algo dentro dele dizia que não poderiam ficar juntos.

A fogueira, se sentindo abandonada sem saber o que fez, chorava dia e noite, mas sempre na esperança de que o amor da sua vida retornasse e explicasse para ela o que tinha acontecido. De tanto chorar, a fogueira foi enfraquecendo, até que em determinado dia se apagou totalmente.

Em uma noite, o homem olhou na direção da fogueira que ficava lá longe, mas que nunca havia esquecido, e não avistou mais seu clarão. Resolveu ir ver de perto o que tinha acontecido. Aproximando-se com muito medo, notou que ela já não estava mais ali; só tinha restado um pó escuro, apenas uma lembrança de alguém que foi seu grande amor.

O homem ficou sozinho até seus últimos dias naquela ilha, mas jamais esqueceu a fogueira que tanto amou. Com o tempo, os momentos felizes que viveram juntos fizeram apagar da lembrança os momentos de dor.

Moral da Historia: Às vezes nos apaixonamos pela fogueira e ambos se machucam, pois cada um é o que é, existem essências que não podem ser mudadas, se o homem insistisse nesse amor e tentasse mudar a fogueira, talvez a mataria ou perderia o encanto que sentia por ela ou morreria queimado em seu abraço de amor, em determinado momento o ideal é deixar o amor que queima, que machuca que deixa cicatriz e que mesmo podendo nos matar, parece que nos faz feliz.Talvez por mais dolorida que seja o melhor caminho é contemplar sua beleza seu brilho nas noites escuras de longe, pois um dia as lembranças boas irão apagar toda a dor e as lembranças irão ficar guardadas em seu coração como uma feliz recordação