O NOIVO

Em uma tarde de domingo, nos tempos em que o romantismo alimentava os corações dos jovens enamorados, uma capela humilde no interior do Nordeste estava enfeitada com fitas e flores nativas colhidas naquele pequeno vilarejo. De costas para o altar, o noivo estava de braço dado com sua ansiosa mãe. O pequeno templo, decorado com simplicidade, tinha bancos de madeira modestos onde os convidados estavam sentados. Na primeira fileira estavam os parentes dos noivos, e o padre, sentado atrás do altar, cochilava.

A noiva estava demorando. O noivo, com os olhos fixos na entrada da igreja, parecia indiferente a tudo ao seu redor. Seu amor, seus pensamentos e sua alma estavam voltados para aquela que chegaria a qualquer momento ou o deixaria ali, só e apaixonado. Um carro parou em frente à capela, e todos olharam para trás. Não era a noiva, apenas um convidado que se atrasou. Dona Marta, sua mãe, fez um carinho com a mão no ombro do noivo, que estava confuso e, por um momento, duvidava do amor de Maria Lúcia. Mas ele se lembrou dos momentos felizes que haviam vivido até um dia antes, tirou o lenço do bolso e enxugou algumas gotas de suor da testa. Seu corpo estava tenso, suas mãos frias, mas seu olhar continuava firme na porta da igrejinha.

A irmã da noiva entrou na igreja, e todos ficaram curiosos. Ela se dirigiu à primeira fila, inclinou o corpo e cochichou no ouvido do pai da noiva. O noivo não suportou mais e começou a chorar. Ele estava tão nervoso que seus pensamentos estavam todos voltados para sua amada. Seu Jorge levantou-se e acompanhou a moça; Dona Marta abraçou seu filho e disse: "Calma, tudo vai dar certo." Seu Jorge e a moça saíram da igreja. Nesse momento, o silêncio era total.

O noivo baixou a cabeça e, de repente, o velho órgão da paróquia começou a tocar. Demétrios levantou a cabeça rapidamente e olhou para a porta, vendo aquele vulto branco se aproximando dele, conduzido por seu Jorge. Seus olhos encontraram o sorriso mais belo de toda sua vida, a poucos passos do altar. Ela estendeu a mão, ele a tocou, e toda sua aflição desapareceu. E o ambiente sagrado começou a fazer sentido novamente.

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 06/07/2024
Reeditado em 14/08/2024
Código do texto: T8101332
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