O ÚLTIMO VERÃO

O ano era 2013. O verão estava começando no Brasil. Alberto não estava muito acostumado aos verão brasileiros, já que sempre viveu na europa. Filho de pais europeus, Alberto veios poucas vezes ao Brasil, e, nenhuma dessas vindas era verão, mas dessa vez, bem, dessa vez Alberto estava vindo para ficar, ela havia se cansado da vida monótona que levava na Espanha, Jovem ainda em seus 28 anos, Alberto era um renomado advogado, especializado na área criminal. Mas havia algo que incomodava muito esse jovem. Seus pais estavam cobrando ele um casamento e isso ainda não estava nos planos de Alberto e foi esse um dos motivos que fez com que ele viesse morar de vez no Brasil.

Alberto estranhou muito o clima no Brasil. A temperatura estava acima dos 38 graus quando ele desembarcou no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.

Alberto entrou num táxi e se dirigiu para Copacabana, onde tinha um apartamento que havia comprado de um amigo uns meses atrás. A única coisa que Alberto pensava naquele momento, era chegar em casa, tomar uma boa ducha, comer algo e correr para cama. A viagem de 14 horas de avião foi cansativa, pois Alberto nunca dormia em seus voos.

Já passava das 15h quando enfim chegou ao seu prédio. Pagou a corrida e entrou no edifício,,,se encaminhou até o elevador...entrou e quando a porta já ia se fechando...

- Eiii, segura aí pra mim, por favor!

Era Virginia, uma linda jovem de 23 anos. Morena, cabelos longos, um sorriso encantador. Ela estava cheia de bolsas, com certeza deveria estar vindo de algum shopping.

Alberto, muito educado, segurou a porta do elevador, impedindo que a mesma se fechasse. Virginia entrou, meio desconcertada com tantas bolsas...

- Obrigado! Pode, apertar o quinto andar, por favor.

- Pois não. Também estou indo pra lá, se quiser posso te ajudar com suas bolsas.

- Não precisa se incomodar, notei que você também está com sua mala de viagem...

- ...Verdade, mas não seria incomodo nenhum, até porque parece que você comprou toda shopping (risos)

- (risos) Que nada, deixei um pouco para as minhas amigas.

- Eu me chamo Alberto!

- Virginia, mas todos me chamam de Gina.

- Prazer Gina.

Nesse momento o elevador chega ao quinto andar. Alberto ajuda Gina com suas bolsas e caminham pelo corredor até o apartamento 502. - Chegamos! Muito obrigada!

- Que isso, não foi nada...eu moro ali (aponta) no 505. Antes de me despedir, você sabe onde eu posso pedir uma pizza Eu não conheço nada aqui no Brasil. Nasci aqui, mas sempre vivi na europa com meus pais e as poucas vezes que vim ao Brasil, foram a trabalho. Vinha, ficava em um hotel, resolvia o que tinha que resolver e pegava um voo de volta. Estou louco para comer uma pizza.

- Faremos melhor, ao invés de te dar um número de telefone para você pedir uma pizza, vou te levar num lugar onde você vai comer a melhor pizza do planeta, só me deixa entrar, tomar um banho e colocar uma roupa mais leve...esse calor ta de matar. Quando acabar te chamo lá, pode ser?

Alberto ficou meio assustado, pois a mulher europeia é bem diferente das brasileiras, porém, não resistiu e aceitou.

- Claro! Também estou precisando de uma boa ducha.Fico te aguardando.

Os dois se despedem e Alberto se dirige ao seu apartamento. Ele ainda estava meio assustado, mas como dizer não a uma mulher tão linda e realmente ele estava com muita fome.

Alberto estava acabando de colocar uma blusa quando a campainha tocou. Era Gina. Alberto correu para abrir a porta e ao abrir-la, ficou admirado com tamanha beleza. Gina estava vestida com uma sainha bem curta e uma mini blusa sem sutiã, quase mostrando seus seios pequenos de mamilos rosados. Seus cabelos soltos com uma fita vermelha amarrada na testa, parecia mais uma adolescente rebelde indo pra faculdade.

- Ei mais que roupa é essa? Nós estamos no Rio de Janeiro...Copacabana. Nada de calça comprida, sapatos e camisa social...trate de colocar uma bermuda, uma camiseta e um tênis...vamos...vamos... não fique me olhando com essa cara. Lá fora tá um calor do caralho. Vá se acostumando a andar de bermuda, shorts.

- Me desculpa, é que na minha profissão só andamos assim...

- Mas você não está em horário de trabalho... seu único trabalho agora será comer uma boa pizza (risos).

Enquanto Alberto entro no quarto para se trocar, Gina deu uma volta pelo apartamento, admirando os quadros na parede, a estante com centenas de livros, um bar repleto de bebidas finas, mas o que mais chamou a sua atenção, foi um almofada com os dizeres " Só tenho uma vida, então se eu morrer, quero morrer sozinho"

- Oi,podemos ir?

Gina se virou e foi logo dizendo:

- Agora sim você está parecendo um verdadeiro carioca.

Os dois começam a rir juntos e saem do apartamento

Ao chegarem no hall do prédio, Alberto disse que iria pedir um táxi.

- Que táxi nada,vamos o meu carro. Eu sempre deixo estacionado aqui do lado. Não gosto de colocar ele no estacionamento de nosso prédio pq tem uns garotos do 607 e do 311, que são verdadeiros capetas e já arranharam meu carro duas vezes.

- Não reclamou com o porteiro, ou com o síndico?

- Ai que as coisas se complicam...o síndico mora no 311 e o porteiro no 607. Preciso falar mais alguma coisa? Como não gosto de me aborrecer, prefiro deixar guardado aqui mesmo... É seguro e o rapaz que toma conta é de total confiança

Alberto entra no carro e Gina inicia o trajeto até o local onde iriam comer a tal pizza maravilhosa.

- Você vai adorar a pizza de lá. Quando fui pela primeira vez, fiquei apaixonada e o local é maravilhoso, bem de frente pra praia.

- É muito longe?

- Que nada! Uns 15 minutos e já estaremos lá.

Alberto ainda estava meio lento em seus pensamentos. Tudo estava acontecendo muito rápido. Há poucas horas ele estava desembarcando no aeroporto e agora estava dentro de um carro com uma pessoas que acabara de conhecer e que por sinal mora em seu prédio e no seu andar. Era muita informação pra ele.

- Você está acostumada a levar pessoas que mal conhece pra comer pizza? (risos)

- Não. Só aquelas que me inspiram confiança e pelas minhas contas só estou levando você. (risos)

Por alguns segundos Alberto ficou admirando aquela mulher e ficou a pensar " Como uma mulher tão linda estaria solteira ou sem namorado". Bem, essa resposta ele não sabia, mas não quis arriscar em perguntar, foi quando...

- ...já sei, deves estar te perguntando se tenho namorado?

- (meio envergonhado com seus pensamentos) Não...quem sou eu para pensar coisas assim. Acabamos de nos conhecer, Não sei nada de você e nem você de mim. Não estava pensando em nada, apenas admirando sua beleza.

- Nossa! Obrigado! O Brasil está precisando um pouco desse romantismo europeu.

Gina estava procurando um local para estacionar que não ficasse longe da pizzaria. O local estava lotado. Enfim, ela conseguiu um lugar bem próximo de onde iriam ficar.

Já sentados à mesa, Gina pediu a pizza da casa e um vinho Tinto Côtes du Rhône Villages Le Chêne Noir.

- Você vai adorar a pizza daqui, é muito boa mesmo. Escolhi este vinho porque ele me lembra os tempos em que passei na Itália.

Conheço bem esse vinho, é uma boa safra. Na Espanha costumamos degustá-lo quando comemos massas. Foi uma boa escolha. Agora me fale um pouco de você.

Os dois ficaram aproximadamente duas horas naquele local e ao sair, Gina pergunta se ele quer dar uma volta pela noite carioca. Alberto pede desculpas mas se diz muito cansado e prefere ir para casa dormir, mas prometeu que no dia seguinte, caso ela quisesse, ele estaria disponível, pois só tinha compromissos na segunda-feira. De pronto Gina aceitou e foi logo dizendo:

- Claro que sim. Vou te levar a um lugar que amo de paixão. Você gosta de água doce?

- Adoro, lá na Espanha tem o Lagos de Covadonga , quase todo fim de semana íamos para lá eu e minha família.

- Vou te levar para Angra dos Reis, mas antes daremos um pulinho na cachoeira de Mazomba que fica na cidade de Itaguaí. Fica umas 2 horas daqui, mas será um passeio maravilhoso.

Após deixar Gina na porta de seu apartamento, Alberto se dirige ao seu que logo ao abrir a porta, ouve tocar o telefone. Alberto atende e descobre que sua mãe acaba de ser internada para operar a vesícula. Alberto fica tenso,pois sua relação com sua mãe é a melhor possível. Ele diz que vai para o aeroporto, mas a pessoa do outro lado da linha faz ele mudar de idéia, dizendo que não há motivos para alarme, que apenas avisou por força de obrigação, mas que tudo estava ocorrendo dentro da normalidade. Ouvindo isso, Alberto se acalmou e pediu para que não faltassem notícias para ele e se despediu.

O dia mal amanheceu e a campainha de seu apartamento começou a tocar. Ainda sonolento, Alberto abriu a porta, mas se esqueceu de que estava totalmente nu. Meio desconcertado, Alberto puxou uma toalha da mesa que estava próximo e se desculpou.

-Gina rindo disse para ele não se preocupar com isso, que não era a primeira e não seria a última que ela veria um homem nú, mesmo assim disse entre os dentes: "Belo monumento"!

Ainda envergonhado, Alberto pede licença para se trocar e sai da sala. Retorna 20 minutos mais tarde, já trajado de forma bem carioca, bermuda, tênis, camiseta. Ainda carregava uma mochila com algumas peças de roupa, uma caixa de primeiros socorros e outras coisinhas a mais.

- Então...animado para o nosso final de semana?

- Sim...muito animado, só que pensei que sairíamos um pouco mais tarde (risos)

- Se sairmos agora não pegamos muito trânsito. E nada de fazer o desjejum agora...vamos comer algo no caminho. Na Avenida Brasil tem um Bob"s, onde podemos nos abastecer de gulodices (risos)

Alberto confere se tudo está certo, se as janelas estão trancadas e saem juntos do apartamento. Já no carro,Gina disse:

- Ontem você me pediu para contar um pouco de mim..mas estávamos com tanta fome que nem dei bola, mas se prepare que vou começar a falar de mim, depois não vai dizer que preferiria não ter feito essa pergunta. (risos). Como você já sabe, me chamo Virginia, tenho 25 anos. me formei em medicina pela UFRJ na especialização em cardiologia. Perdi meus pais quando eu ainda tinha 16 anos, ele morrera num desastre de avião em Manaus. Minha avó acabou de me criar. Logo que entrei pra Universidade, tomei a minha liberdade. Nos primeiros meses fiquei morando no alojamento da Universidade, 8 meses depois comprei o apartamento onde moro hoje.Não tenho muitos amigos, não sei se sou eu a chata ou se são eles que não sabem viver comigo. Sou fechada em relação a assuntos pessoais, não duvido muito dos meus problemas...vivo a vida um dia de cada vez. (risos) Mais eu trabalho viu? Tenho um consultório lá no centro da cidade onde eu atendo todas as segundas, quartas e quintas e às terças eu tiro plantão no Hospital da Gávea.

A viagem era longa e Alberto e Gina puderam conversar sobre muitas coisas, entre elas, Alberto contou para Gina que o maior motivo que o fez vir morar de vez no Brasil, foi a insistência de seus pais para que ele se casasse com uma jovem francesa filha de amigos deles. Alberto disse que não estava pronto para assumir tal compromisso e que a referida moça, era jovem demais, tinha apenas 18 anos.

-Eu sei bem o que é isso Alberto. (mudando de assunto, pois percebeu que Alberto ficou meio pra baixo com o teor da conversa) Você^vai adorar a cachoeira em Mazomba e nós podemos ficar por lá hoje, curtirmos bem aquela água maravilhosa, comermos uns peixinhos fritos e tomarmos umas geladinhas...

- ...Lá tem pousada?

- Pra que?Eu tenho uma Choupana. Comprei há uns dois anos. Eu vinha sempre aqui e achava chato ter que voltar ou dormir em hotéis, então acabei comprando. É bem simples, mas você vai adorar. Mais vou logo avisando...não tem luxo não e vamos ter que dividir uma cama de solteiro, bem que ela é um pouco larguinha...quase uma de casal (risos)

Alberto fica com o rosto rubro, mas não faz comentários.

Após quase 3 horas de viagem, Alberto e Gina chegam à cachoeira de Mazomba. O calor estava infernal. Gina estacionou o carro no quintal de sua Choupana. Retiraram as coisas do porta mala e carregaram para dentro. Gina foi logo ligada à geladeira e colocou em seu interior o que tinham trazido de alimentos e bebidas. Acho que o seu intuito era passar aquele final de semana ali mesmo, devido às tantas guloseimas e bebidas que ela trouxe.

- Vamos fazer o seguinte: já liguei a geladeira, enchi ela com o que trouxemos, agora vamos nos trocar e darmos uma boa mergulhada naquela água que deve estar um gelo.

- Sem pudor, Gina começa a se despir diante Alberto, que olhava sem piscar. Ei, vai ficar parado me olhando (risos) trate de colocar sua sunga...não vamos perder mais tempo. a água nos espera. Você vai amar esse lugar.

Sendo assim, Alberto também não se intimidou e começou a se despir e se trocar na frente dela. Gina bem discretamente não parou de olhar para o sexo de Alberto que ao perceber, colocou rapido a sua sunga.

Os dois caminharam uns 200 metros e já estavam na cachoeira. A água corria ligeira dentre as pedras e Alberto ficou maravilhado com o lugar, com o verde, as árvores e muitos pássaros. Gina foi logo dando um mergulho.

- Ualll (gritou) a água está uma delícia...mais gelada que da minha geladeira. Vamos entrar!

Alberto estava ainda parada admirando o lugar quando ouviu os apelos de Gina e acabou entrando na água.

- Caramba! Como é gelada! Mas muito prazerosa e com esse calor nada melhor que esse banho, além do tempo em que ficamos naquele carro na estrada.

- Eu sabia que você ia gostar.

Os dois ficaram ali por muito tempo. Brincavam na água como duas crianças, até parecia que já se conheciam há tempos. Alberto a cada mergulho dava um grito de alegria enquanto Gina se divertia pulando em suas costas e fazendo-o de prancha de surf.

Foi uma tarde bem agradável que os dois nem perceberam que já começava a escurecer.

- Nossa, nem percebemos que o dia já está indo embora e eu estou começando a ficar com frio. O que acha de irmos embora? Estou morrendo de fome.

- Eu também estou. Onde podemos comer? Tem algum lugar aqui por perto:

- Nada de comer fora hoje. Eu mesma vou preparar algo para comermos.

- Você não tem cara de que sabe cozinhar

- Pois se enganou, meu bem! (Falava enquanto se secava e ao mesmo tempo em que caminhavam de volta à Choupana)Eu amo cozinhar. Pode até não acreditar, mas só como fora quando estou naqueles dias...entendeu né? Aí evito de ficar na cozinha (risos)

- Então o que teremos hoje para ser Chef de Cozinha?

- Vou preparar um talharim com molho branco e camarão e para acompanhar, eu trouxe um vinho que você vai gostar muito um Veuve Clicquot La Grand Dame.

- Nossa! esse é um dos melhores vinhos que já tomei. Conheço um pouco de sua história, ele foi desenvolvido em 1972 para celebrar o bicentenário da Veuve Clicquot, esse rótulo é uma homenagem a Madame Clicquot, também conhecida por La Grande Dame de Champagne.

- Caramba, você conhece tanto assim de vinhos?

- Meu pai tem uma adega com mais de 5 mil vinhos e muitas marcas diversas e esse está entre eles.Meu pai é um grande admirador de vinhos.

- Então vamos caminhar mais rápido que a fome ta batendo forte. (risos)

Os dois aceleram seus passos e em menos de 7 minutos chegam a Choupana. Já estava escuro e Gina foi acender as luzes de fora. Antes de entrar, Alberto ficou admirando o céu.

- O que foi, viu algum passarinho azul? (risos)

- Eu nunca havia reparado como o céu daqui é lindo...as estrelas parecem que brilham mais forte.

- Claro, meu bem! Elas sabem que eu cheguei (risos)

- Você está muito convencida. Agora para de falar e começa a preparar a nossa comida, senão eu vou acabar tendo um treco de tanta fome.

- Esqueci de te falar um pequeno detalhe, o banheiro é ali atrás...do lado de fora da casa...isso que me fez comprar esse lugar.

- Por mim tudo bem, só quero tomar um bom banho.

_ Não pense que vais tomar banho sozinho e ficar de moleza não...vamos tomar banho juntos e você vai me ajudar na cozinha a preparar a janta.

_- (meio encabulado) Mas eu não sei cozinhar...

- ...Hoje é o seu dia de aprender. Vamos, é por aqui...segure a sua toalha, lá já tem sabonete shampoo e creme...ainda não vamos demorar.

Alberto não estava acreditando no que estava vivendo. Era algo inédito que em seus 28 anos nunca havia conhecido. Gina era uma mulher fantástica e bem liberal, ele não estava sabendo como se comportar naquela situação.

Os dois entraram no banheiro, era um espaço bem pequeno, mas a água era direta de uma fonte que desembocava num cano de bambu que ao retirar um tampão, a água saia como cachoeira e bem gelada por sinal.

Gina estava totalmente nua e ao vê-la ensaboada, mais parecia uma onda de mar batendo nas pedras.

- Alberto, esfrega minhas costas, acho que está cheia de areia.

Gina entrega a Alberto uma esponja e ele começa lentamente a esfregar suas costas ao mesmo tempo admirando todo aquele corpo nu à sua frente.

Sem pensar duas vezes, Alberto vira Gina de frente, segura seus cabelos para trás e lhe arranca um demorado beijo, que lhe é correspondido. Gina o abraça forte e começa a roçar suas partes íntimas nas dele. Alberto começa a beijar seu pescoço, seus seios e vai descendo com suavidade até sua buceta onde permanece por um longo tempo. Gina então o retribui da mesma forma, Não havia como se deitar naquele banheiro de tão pequeno, mesmo assim, Alberto a pegou no colo e enquanto sugava seus lindos seios, a penetrou de uma só vez, tirando de GIna gemidos prolongados e quase silenciosos. Ficaram abraçados embaixo daquela água fria por algum tempo e em seguida se secaram, trocaram de roupa e foram para a cozinha. Não tocaram no assunto nem fizeram nenhum comentário.

- (quebrando o gelo) O que acha de bebermos uma geladinha enquanto a comida não fica pronta?

- Eu acho uma ideia maravilhosa. Você percebeu que não bebemos nada desde que saímos da cidade? Bem a não ser água e aquele suco horrível que compramos aquele vendedor de beira de estrada.

Os dois começam a rir

- Eu também achei aquele suco horrível, tinha mais açúcar que fruta...mais coitado, talvez ele não saiba fazer e o faça rápido para vender logo. O movimento nas estradas aqui pra cidade nos fins de semana são intensos e quanto mais sucos eles fizerem mais eles vendem.

- Eu entendo, mas por favor, me lembre da próxima vez de não parar para comprar sucos.

- Humm! Próxima vez? Então o Dr advogado internacional gostou do meu lugar secreto?

- Pra falar a verdade, sim, eu gostei muito daqui. A gente se sente livre. A paz que reina nesse lugar é algo inimaginável.

_- (Gina se serve de uma copo de cerveja, senta), Quando eu comprei esse lugar, eu senti a mesma coisa e é por isso que sempre venho pra cá, especialmente quando estou triste ou muito aborrecida.

- Você não me parece uma mulher que se entristece facilmente...

- As aparências enganam caro doutor...as aparências enganam!

Gina Levanta e vai dar continuidade ao jantar. Alberto ficou ali, sentado tentando decifrar as palavras de Gina, mas as lembranças do que havia acabado de acontecer no banheiro, o impediu de dar continuidade a tais pensamentos.

Eu amo esse lugar Alberto. É aqui que eu quero passar meus últimos momentos da minha vida.

- Porque falas isso 1 És muito jovem para ficar com esses pensamentos. A vida é muito linda e você vai viver muitos e muitos anos e se você ainda quiser minha companhia, virei sempre contigo pra cá.

- Eu vou amar a sua companhia. Você é diferente de todos que conheci. Mas vamos deixar de papo e vamos comer. O nosso talharim com molho branco e camarão está pronto, é só o senhor abrir o nosso vinho e vamos matar quem está nos matando: A FOME! (risos)

Os dois jantaram com Alberto ouvindo algumas histórias de trabalho de Gina e de contrapartida Alberto também confidenciou a ela alguns casos que foram bem difíceis em sua carreira de advogado.

Ao terminarem o jantar, os dois foram para fora da Choupana e se sentaram num banco que havia bem debaixo de um pé de manga. Alberto não tinha o vício de fumar, mas sempre que jantava, gostava de fumar um cigarrinho. Gina por sua vez acompanhou Alberto naquele ato.

- Não gosto muito de fumar, mas te vendo fumar me deu vontade (risos) e olha que falo para meus pacientes que nunca devem fazer uso dessa coisa...eu chamo isso de coisa (risos).

- Eu não tenho vício, fumo apenas um cigarro por dia e sempre após a janta, mas se estiver num restaurante eu não fumo, deixo chegar em casa. Nunca fumou na rua.

Por algum momento, Gina ficou em total silêncio. Fumou seu cigarro sem trocar uma só palavra. Alberto não quis interromper esse silêncio, achou que era um momento dela e por isso também se silenciou. Ao terminar seu cigarro, Gina falou:

- Alberto, posso te confidenciar uma coisa? Mas antes que você me responda, quero que você apenas ouça e não faça comentários. Me promete?

Meio como pego de surpresa, Alberto respondeu:

- Claro Gna! Pode falar. Eu prometo ouvir.

- Quando eu tinha 5 anos, eu desmaiei no colégio onde eu estudava. Meus pais também eram médicos e de imediato fui levada para um hospital que por sinal ́ ́ é o hospital onde faço plantão hoje em dia. Os médicos disseram aos meus pais que eu tinha um problema no coração, uma de minhas artérias estava comprometida, que eu poderia morrer a qualquer momento. Tive depois desse desmaios mais de uma dezena...isso até os meus 17 anos. Meus haviam morrido um ano antes e o último desmaio foi na casa de minha avó. Escolhi fazer medicina e me especializar em cardiologia, justamente para estudar o meu caso e confesso, até hoje não achei nenhuma explicação. A cada 6 meses faço uma bateria de exames e nada aparece, é como se eu nunca tivesse sentido nada na vida. Eu amo demais a vida, amo a minha profissão. Não tenho amigos e sim colegas. Não recebo ninguém em minha casa (você pode) (risos). Gosto da minha solidão e é justamente por isso que venho prá cá. Aqui eu recarrego minhas baterias. A energia daqui é boa demais. Você deve estar se perguntando porque estou falando isso tudo e ainda mais porque nos aproximamos tão rapidamente. te respondo. existem coisas que não há explicação e muitas das vezes melhor mesmo nunca sabe os motivos e sim aproveitar os momentos que nos são presenteados. Eu fiz teatro na minha juventude e meus mestres sempre dizem que devemos sempre olhar nos olhos, porque são os olhos que nos mostram o que realmente queremos e devemos enxergar e não apenas ver. Guardei esses ensinamentos e quando bati os olhos em você, percebi que não era igual aos outros homens. Algo em você me dizia naquele momento que eu poderia confiar..me entregar...e por esse motivo que aconteceu o que aconteceu quando estávamos no banho. Não sou uma muler que faz sexo apenas por fazer. Eu preciso sentir algo na pessoa que está comigo e eu senti isso com você. Alberto, você pode não acreditar, mas nunca trouxe ninguém aqui nesse meu refúgio Sempre que venho, procuro estar só, pois assim consigo colocar meus pensamentos em dia e não ficar pensando que você está me atrapalhando, muito pelo contrário. Estou deveras feliz por conhecer você, de dividir esse cantinho... Bem, acho que já falei muito, vamos dormir?

- Se você não se incomodar, eu prefiro ficar mais um pouco curtindo essa brisa deliciosa. Vou te acompanhar até a cama e aproveitar e pegar mais uma taça de vinho.

- Hummm, vai me colocar pra dormir (risos)

- Porque não? (risos)

Os dois entram e Alberto coloca Gina na cama e lhe dá um beijo carinhoso na testa. A cobre com um lençol colorido, liga um ventilador que estava ao pé da cama e vai pra cozinha pegar a sua taça de vinho. Com a taça na mão, Alberto vai para fora da Choupana sem antes dar uma olhada se Gina estava bem e ela já estava num profundo sono. Também, dirigiu por várias horas e pouco tempo teve de descansar. deveria estar no seu limite.

Já do lado de fora da Choupana, Alberto retorna ao banco debaixo da mangueira e com sua taça de vinha na mão, resolve acender mais um cigarro. Não era seu costume, mas aquele momento estava além de seus costumes. Tudo que GIna havia acabado de lhe confidenciar era algo muito íntimo, mas ele achou estranho o porque ela lhe contou tudo com riqueza de detalhes. Lhe pareceu uma despedida ou algo parecido. Ele não conseguia entender e talvez nem quisesse entender. Aquele dia estava sendo um dos melhores de sua vida. Enfim, estava conhecendo a liberdade de fato em toda a sua plenitude...sem cobranças...sem ligações telefônicas interrompendo seus lazeres.

Aberto ficou tanto tempo ali sentado naquele banco, que nem percebeu que já passava da meia noite. Se levantou e foi se achegar com Gna naquela cama de solteiro quase de casal. Ela abraçou com carinho e acabou adormecendo.

Os dois acabam por ficar ali mesmo em Mazomba, desistiram de irem para Angra dos Reis. Alberto fez esse pedido a Gina. Ele realmente gostava muito daquele lugar.

Foram dois dias de muita agitação entre a cachoeira com aquela água gelada maravilhosa, uma comida feita pela Gina que dava inveja aos melhores restaurantes do país, o banco debaixo da mangueira, o pequeno banheiro que ficava do lado de fora da Choupana e por fim ca cama de solteiro quase uma cama de casal. A cada chegada da cachoeira, eles se amavam no banheiro e acabavam na cama.

Chegando lá pelas 18h de domingo, Alberto e Gina começaram a arrumar suas coisas e colocar no carro. Já era hora de voltar a realidade. Pegaram a estrada por volta das 19h e chegaram em Copacabana às 21 h. Gina estacionou seu carro no local de sempre e ambos foram andando até seu prédio. Subiram até o quinto andar, onde se despediram com um simples beijo no rosto. Antes de entrar no seu apartamento, Gina falou:

- Alberto, obrigado por me proporcionar o melhor fim de semana da minha vida.

Os meses se passaram de forma normal, ambos saindo sempre para seus respectivos compromissos e aos fins de semana, pegavam a estrada com destino a Mazomba. Isso virou uma rotina para eles e eles estavam cada vez mais unidos, porém cada um continuava a morar em seus respectivos apartamentos.

O Natal estava se aproximando e Alberto fez um convite à Gina.

- Gina vamos passar o Natal juntos na Espanha? Estou com saudades de meus pais e eu havia prometido que iria no fim do ano.

- Eu vou adorar. Claro que aceito.

Os dois embarcam no dia 20 de dezembro , passam o Natal com a família de Alberto e retornam no dia 28. Alberto queria passar o Ano Novo no Brasil.

Quando desembarcaram no Brasil, Alberto não queria perder tempo. Alugou um carro e foi direto do aeroporto para a Choupana em Mazomba. Deram uma parada no centro de Itaguaí e fizeram suas compras de Ano Novo. Eles queriam fazer uma ceia que ficasse na lembrança dos dois. Ele prometeu a Gina que ajudaria ela na cozinha.

Já passava das 21h quando chegaram em Mazomba. Após guardarem tudo que compraram, foram direto para o minúsculo banheiro tomar banho e como anteriormente, Alberto e Gina fizeram amor por várias horas. Quando acabou a fome era tamanha que resolveram sair e ir até o centro da cidade de Itaguaí comer alguma coisa, pois se ainda fossem fazer iria demorar muito. Como não conheciam nenhum restaurante na cidade, resolveram comer 2 hot dogs cada um, em seguida voltaram para a Choupana e dormiram, o cansaço era muito.

O Ano Novo para Alberto e Gina foi simplesmente magnífico...diferente...sem aglomerações de pessoas, sem fogos. Apenas os dois, num lugar ermo e com muito amor, Cada dia que passava ambos estavam mais ligados e foi no retorno para o Rio de Janeiro, que Alberto fez a seguinte pergunta a Gina:

Eles ainda estavam a caminho do Rio de Janeiro, Alberto dirigia o automóvel. Ele parou num posto de gasolina e:

- Gina, você aceita se casar comigo:

lá ficou em silêncio por alguns minutos, porém disse:

- Eu aceito com uma condição, que você nunca deixe de me amar, mesmo que isso aconteça, minta para mim dizendo que me ama muito.

- Gina eu nunca minto e jamais mentiria para você, eu vou te amar até o dia da minha morte e além dela.

Os dois se beijaram e continuaram a viagem até Copacabana.

A partir daquele dia, Gina se mudou para o apartamento de Alberto, mas o casamento estava marcado para fevereiro exatamente no dia 15, pois era a data da morte de seus pais. Foi um pedido de Gina e Alberto aceitou.

No dia 1 de fevereiro, Alberto teve que voltar à Espanha para um julgamento de um político na qual ele era o seu advogado. Gina o levou até o aeroporto.

- Não demore muito, meu amor. Vou sentir sua falta.

- Fique tranquila. O julgamento vai levar dois dias, daqui a 5 dias estarei de volta.

Alberto se despede de Gina com um beijo, entra no avião e Gina retorna para o apartamento.

Dois dias após a viagem de Alberto, Gina teve um novo desmaio, dessa vez no hall de seu prédio. Ela estava indo dar seu plantão no Hospital da Gávea. Ela entrou em coma e a direção do hospital entrou em contato com Alberto que teve que antecipar sua viagem de volta em dois dias.

Ao chegar no Brasil, Alberto foi direto para o hospital para se inteirar das condições de saúde da mulher que seria a sua esposa em poucos dias.

Os médicos disseram que Gina sofria de uma doença muito grave no coração e que se aparecesse um doador em 48 horas ela não sobreviveria.

Alberto saiu do hospital em prantos. Entrou no primeiro bar e pediu uma garrafa de vinho e mais outra e mais outra. Foi então que tomou uma decisão...decisão essa que mudaria todos os planos do casal.

Gina teve alta 35 dias após sua cirurgia. Ela estava feliz e seu primeiro ato foi ligar para Alberto. Ligou várias vezes e não obteve resposta. Ela foi pra casa e não o encontrou, Perguntou o porteiro que disse que não havia visto ele desde que ele chegou de viagem.

Gina voltou para seu apartamento e quando estava procurando algo que desse o paradeiro de Alberto, ela leu algo em seu celular. Era uma mensagem de Alberto de 34 dias atrás que dizia:

Era bom ficar debaixo daquela mangueira curtindo o clima maravilhoso.

Gina não pensou duas vezes, desceu de seu apartamento, pegou seu carro e correu para a Choupana. No caminho ela ia falando com ela mesma:

- Calma, meu amor, eu estou indo! Estou bem...estou muito bem. Não deu para casar no dia 12, mas vamos marcar para amanhã...sim...amanhã. Não quero esperar nenhum minuto a mais. Fica sentadinho aí no nosso banco...abra um vinho e separe duas taças. Vamos comemorar a minha nova vida. Te amo...te amo Alberto!

A noite ia chegando quando Gina estacionou seu carro no quintal da Choupana. Dali ela não viu Alberto no banco, ela entrou correndo em casa e também não achou seu amado. Ela sentou e começou a chorar.Onde ele estaria. Ela estava certa de que a mensagem que ela leu em seu celular era para ela vir para cá e ela estava aqui, mas Alberto não estava. Onde ele estaria?

Gina foi até a geladeira pegar água para beber quando viu um envelope grudado na porta da geladeira. Ela pegou o envelope, sentou à beira de sua cama e abriu o mesmo. Tirou de dentro um bilhete com poucas palavras.

OI meu amor! Se você estiver lendo esse bilhete, é porque sua cirurgia foi perfeita e você vai poder dar continuidade a sua linda vida e eu estarei com você, só que desta vez, estarei dentro de você, eu sou o seu coração.

Te amo!

FIM

By George D'Almeida

George DAlmeida
Enviado por George DAlmeida em 22/03/2024
Código do texto: T8025614
Classificação de conteúdo: seguro