O AMOR NO PARQUE

Há um velho ditado onde se diz que “o amor é cego” ...... será?

Na vida real acontece casos onde certos amores se iniciam fervorosos mas, por motivos interpessoais, as vezes se distanciam, se desprezam, se inimizam, e até viram desamores.

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Havia um parque bem movimentado com jovens, crianças e adultos. Era ali o local mais propício para se conseguir um namoro e foi numa certa noite que lá estava o jovem Alcides de olhos arregalados para uma linda morena chamada Heloilda que passava pra lá e pra cá como a querer se aproximar do tal jovem.

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Tudo acima se assemelha com uma louca paixão entrelaçada de amor que fez o Alcides se aproximar de Heloilda sem, se quer, quererem saber de suas origens e antecedências. O encontro de ambos foi o maior acontecimento daquela noite no parque, pois eles, depois de alguns olhares, não pensaram duas vezes para se combinarem a morar juntos. E foram.

Em menos de um ano eles já eram pais de uma linda menina que recebeu o nome de Lucília.

A felicidade era ininterrupta para aquele casal que em pouco tempo já estava civilmente casado.

Apenas algumas pequenas desavenças surgiam entre ambos, mas logo tudo se normalizava e a vida prosseguia amorosamente boa.

Lucília estava sempre nos braços do pai, que dizia ser ela o seu maior patrimônio. Já Heloilda não era aquela mãe tão aconchegante com a filha tal como o Alcides desejava que fosse. Ela vivia distanciada dos afazeres do lar e dos carinhos maternais.

Lucília cresceu, estudou e conheceu um rapaz chamado Aristides e sem sair da casa de seus pais com ele se casou. Aos três anos de casada Lucília já era mãe de dois filhos. Aristides vivia mais na casa da mãe dele e tinha o prazer de ser um irresponsável com seus deveres de pai, pois, nem mesmo a comida das crianças ele provia. Tudo ficava debitado na conta do avô Alcides que diuturnamente lamuriava da má sorte que sua filha e seus netos herdaram de Aristides. Certo dia Alcides jurou que o irresponsável genro não entraria mais na sua casa.

Num inesperado dia Alcides invadiu um terreno vazio e nele construiu uma casinha e, depois, com muito esforço adquiriu uma Kombi velha para transportar sucatas e ferro velho que ele achava pelas ruas da cidade e trazia tudo para sua casa aonde separava peça por peça e depois vendia. A vida financeira da família se originava daquele pequeno negócio e a cada instante que passava as dificuldades iam se somando até o dia em que Heloilda disse não mais suportar aquela situação de miséria e exigiu o divórcio. Alcides sentiu seu amor destruído e o mundo desabar sob seus pés, mas depois de muita conversa ele terminou aceitando a proposta e foram ao juiz se divorciar. Mas, por incrível que pareça, o casal continuou morando sob o mesmo teto, porém, com corpos separados: ela na cama e ele no sofá.

Alcides não se conformou com a separação e passou a prometer mundos e fundos a Heloilda. Essa, por sua vez, exigiu que só voltaria a conviver maritalmente se Alcides tirasse a casa do nome dele e a colocasse no nome dela. Ele não pensou duas vezes e, por amor, foi ao cartório aonde transferiu a casa para o nome da mulher e, assim, continuaram morando juntos. Mas, como o destino é um lugar incerto a ser pisado, a vida de Alcides desmoronou, pois, em pouco tempo Heloilda vendeu a casa que já estava no seu nome e deixou para traz - ao deus-dará -, o ex-marido, a filha e os dois netos e, contentemente, foi morar com um amante.

Para sobreviver Alcides precisou vendeu a única coisa que lhe sobrou: a Kombi.

Lucília depois de se separar de Aristides tentou o suicídio, mas foi salva pelos médicos.

Eis o resultado do finado e grandioso amor achado no parque

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 26/02/2024
Reeditado em 29/02/2024
Código do texto: T8007709
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