Entre o Céu e a Terra
Em um pequeno vilarejo, envolto pelas sombras da noite, residia Mérope, uma bela jovem cujo rosto era um poema esculpido em linhas suaves e delicadas. Filha de um Titã e uma Oceânide, ela era uma das estrelas mais brilhantes da constelação de Órion, mas sua alma ansiava por mais do que o brilho das constelações. Aninhada nos recantos mais sombrios da floresta, ela contemplava o mundo dos mortais com uma curiosidade proibida.
Foi em uma dessas noites silenciosas que Mérope cruzou seu caminho com o de um humano chamado Davos. Seus olhares se encontraram como feixes de luz rompendo a escuridão, e o coração de Mérope dançou em ritmo acelerado, uma sensação desconhecida para os imortais.
Eles se encontravam às escondidas, sob o manto do segredo, enquanto o tempo parecia escorrer como areia entre seus dedos. Cada momento compartilhado era um tesouro roubado dos deuses, uma heresia contra o destino predestinado.
No entanto, o amor entre uma Plêiade e um mortal não poderia passar despercebido pelos olhos atentos do Olimpo. As estrelas que observavam Mérope sussurraram ao vento os segredos proibidos de seu coração. O senhor dos deuses, vendo com desdém a união entre o céu e a terra, com um gesto de sua mão, lançou uma maldição sobre Mérope, privando-a de sua divindade e memórias.
Despojada de sua imortalidade, Mérope viu-se enredada na mortalidade de Davos. O amor que outrora era proibido tornou-se agora um fardo, pois ela testemunhou o efêmero ciclo da vida humana. O tempo, implacável, ceifou a juventude de seu amado, enquanto Mérope permanecia imutável, condenada a contemplar a solidão da eternidade.
Assim, Mérope, a estrela caída do céu, caminha agora pela terra, sua luz enfraquecida pela tristeza e saudade. Nos recantos sombrios da noite, ela busca o brilho fugaz das estrelas, relembrando o amor que ousou desafiar os limites do impossível.