Mais uma de amor!
Instigada a ( re)escrever uma história de amor e relatar / reviver momentos paradoxais, fui tentar remendar fragmentos espalhados por toda minha alma.
Tudo começou em 1991, com dois jovens universitários - um de jornalismo outro de odontologia, ele também como muitos daquela geração, músico ou melhor guitarrista de uma banda de pop rock - Perímetro Urbano.
Era início de período letivo , março presente com todo calor e águas que lhe são peculiares, em uma noite pós aula e atraída pela música que sempre amei me deparei despretensiosamente com um grupo de rapazes tocando e cantando . Imediatamente meu olhar encontrou e distinguiu a voz e os olhos daquele que me cativou sem ainda saber.
Pedi Oceano de Djavan , prontamente atendida me deletei com a canção e claro com o músico.
Paquera rolou , dúvidas tipo " você disse que não sabe se não, mas também não tem certeza que sim"- outra vez Djavan.
Em um domingo de noite, mas precisamente 24 de março, ele foi ao meu encontro no jardim da casa dos meus pais, conversamos , rimos e como sou mística - mostrei cada constelação que presenciou nosso primeiro beijo .
O namoro seguiu entre músicas, aulas, jornal , consultório e paixão - daquelas que só se sente uma vez ( talvez).
Ele me dedicava a música Licor de Cereja, ressaltando o trecho " você é meiga demais por você sou capaz de roubar até a lua"! Eu , claro feliz acreditava nas " cartas claras sobre a mesa " que o destino ( pensava eu) nos preparou .
No meio do caminho, eu no auge da paixão, comecei a perceber que a distância que eu não queria ver , já crescia entre nós, ele já não olhava mais com viço, na verdade até evitava meu olhar.
O tempo que me fez apaixonar e perceber que ali estava meu primeiro amor, também me fez saber que já havia decepcionante traição, para minha tristeza o meu amor próprio se esvaiu por completo e pensei até cheguei a verbalizar " meu amor é suficiente para nós dois" . Tristeza esse meu desamor, que me fez querer sair de cena e partir para sempre.
Por fim nos separamos e seguimos rumos diferentes, como era de se esperar.
Mas, a vida essa louca feiticeira, nos proporcionou um reencontro trinta anos depois.
Com o tempo a maturidade para ambos, a certeza que nessa vida o nosso tempo passou como uma carruagem cigana .
Pudemos fazer uma terapia , como dizíamos, pontuando tudo de mais lindo e de mais sofrido e seguimos amigos que guardam juntos numa caixinha chamada memória cacos de mais uma história de amor !!!
Hoje casada há 30 anos com meu segundo e permanente amor , trago no livro da vida impressas muitas histórias para contar, mas essa será em outro, no próximo capítulo!
Márcia Barcelos - Jornalista, escritora, terapeuta holística e enfermeira. Campos dos Goytacazes - RJ