Faz Parte Do Meu Show
Ágata tinha olhos lindos, com uma pinta de nascença na curvatura da mandíbula. Ela tinha um ar de menina com um quê de mulher, sua personalidade oscilava entre os 16 até os 25 anos, principalmente quando ela ficava séria depois de uma de minhas brincadeiras. "Vamos Chico, pare de pegar na minha coxa!", reclamava ela. Muito embora eu entendia como um convite.
Fizemos o ensino médio no tradicional Maria Clara, no início dos 90, quando ainda não havia internet e brincadeiras que exploravam o corpo não levava a nenhuma sacanagem.
Entretanto, atrás de seu olhar severo, eu enxergava uma ligeira curiosidade e vontade de quero mais. Ela queria algo mais comigo, e eu comprovei isso a partir do momento em que ela demostrou ciúme genuíno em relação a mim.
- Gosta de pegar na coxa das meninas? Você é um otário.
- Eu confundi com as suas.
Ela fez um Ah, de suspiro e se intentou em ir pra aula. Eu a puxei pelo braço e me lembro de ter dito algo como "Não vira as costas pra mim desse jeito"
Nossos olhares se firmaram e por assim ficaram. É como se ambos soubessem o que estava acontecendo. Sem manual de instrução, eu devagar a peguei pela cintura. Não sabia o que dizer, aquilo não foi nem sequer pensado. Era como se nossos corpos imantados se atraíssem.
A mulher talvez seja o ser mais lindo que Deus fez. É uma delícia abraçar uma, principalmente essas que provocam com gesto sedutor. Inapto como era, eu beijei seu cabelo. Ela me olhou perplexa, e disse de novo "Otário".
Eu senti uma enorme vontade de dar um tapa em seu bumbum, enquanto ela voltava por seu caminho original.
Eu fiquei com sentimentos mistos, pensando se interpretei errado as coisas. Podia ter exagerado. No final da aula ela lutou com uma multidão de alunos, somente para trazer seu cumprimento.
Ela apontou para uma mancha inexistente em minha bochecha, e limpou meu rosto com seu polegar.
"Não vai me chamar de otário?", disse eu na esperança de provoca-la. Sucinta, ela apenas se esquivou me perguntando com os olhos se não queria sair. Aquele dia e aquele horário, para mim ficaram de alguma forma marcados como extremamente especiais pelo resto de minha vida.
Não creio ser possível explicar, porém na dinâmica de nossa interação. Todas as nossas reações e gestos estavam cuidadosamente sendo lidos com antecedência pelo nosso inconsciente corpóreo, que ansiava se entregar. Ela continuou se desviando, e me levando para mais longe da multidão de pessoas. Como um prosélito sem razão, eu a seguia até chegarmos atrás do muro da escola, e lá finalmente, nos enamoramos.