Lembrança

Era uma vez, em um dia que começou como qualquer outro, que algo inesperado e tocante aconteceu. Fui surpreendido por um reencontro que mexeu com as profundezas das minhas emoções, evocando uma saudade de algo que nunca vivenciei. O desejo pulsava intensamente em meu corpo, mesmo que a coragem nos faltasse, afogada em uma mistura de desejos, inseguranças e medos.

"Será que o que sinto é correspondido?", perguntava-me constantemente diante da presença dele. No cenário de encontros entre amigos, eu desempenhava o papel da confidente, a terapeuta que ajudava a salvar os amigos. Contudo, com ele, ansiava por algo mais, algo que transcendesse as barreiras do convencional.

Cada olhar trocado, cada palavra compartilhada, intensificava a chama ardente dentro de mim. Ele desabafava sobre relacionamentos fracassados, sobre mulheres que o usavam, enquanto eu, tentava controlar impulsos e manter meus pensamentos menos obscuros. Como seria ele na intimidade? Essa pergunta se tornava um pensamento recorrente, um desejo que queimava, mas que esbarrava em inseguranças.

Um dia, porém, a coragem se manifestou e aceitei o convite para ir à casa dele. Naquela noite, ao vê-lo à porta, meu corpo sentiu o calor da proximidade, e o cheiro dele preencheu o ar. No entanto, o controle ainda se fazia necessário. Sentados no sofá, ele desempenhou o meu papel, ouvindo minha história de relacionamento fracassado, mudança para outro estado e a busca por um novo começo.

Convidou-me para subir ao seu quarto, onde a atmosfera se tornou ainda mais tensa. Ele sem camisa, eu relutante em tirar qualquer peça de roupa. Ele ouviu atentamente minha história, como eu fazia com a dele, e entre risos, olhares de tristeza e saudade, percebemos que algo escapava entre nós, algo que talvez deveríamos ter explorado mais a fundo.

A imaginação voava enquanto ele falava, provocando pensamentos obscenos e desejos intensos. A tortura continuava, mas dessa vez, era preciso resistir às fantasias que se desenrolavam em minha mente. A realidade, no entanto, mostrou-se mais discreta do que as visões ardentes.

O ápice do encontro foi um abraço, um momento de silêncio e paz que contrastava com as emoções e desejos que nos consumiam. Infelizmente, aquele abraço tornou-se o último, e nossos caminhos se separaram sem que pudéssemos dizer adeus. A noite terminou como começou, com um abraço, sem saber que seria o derradeiro.

Hoje, continuamos em direções opostas, levando consigo as memórias daqueles dias. Talvez, em outro tempo, em outra vida, nossos caminhos se cruzem novamente, e uma nova história se desenhe. Até lá, resta-nos aprender a não desperdiçar tempo e expressar nossos sentimentos àqueles que a vida coloca em nosso caminho.

O amor, concluí, sempre será a maior riqueza desta vida.

N.F "Viver é diferente de estar vivo".

Souza S Patricia
Enviado por Souza S Patricia em 13/01/2024
Reeditado em 14/01/2024
Código do texto: T7975931
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.