Obsceno
Para Belle, pois para você de mim tudo é. E, o que ainda não, deve prestar contas aos demônios que, sabemos, existem para cobrar injustiças assim.
A etimologia é algo assim libertadora, uma vez que nos entrega o quanto as palavras apanham no tempo até as desligarem, momentaneamente, de suas intenções. Então, após descansarem suas carcaças esfoladas pelos reduzidos espíritos da época, aqueles covardes que de tudo fazem para não abandonarem seus horrores, erguem-se e retomam sua missão.
Eu, no tempo, meu amor, que por falta retumbante de algo que apresente uma definição mais próxima da sensação que me oprime o peito em seu fulcro mais suscetível, não passo de um espectro pálido de coadjuvante ao desejá-la como só a subversão dos contratos do gostar e das cartilhas da paixão é capaz de explicar. Caso esforce-se assaz, claro.
Eu, meu único e sempiterno, sim, sempiterno, amor, não sei, ou, e, não posso, não quero viver um jeito que lhe deixe assim lá e eu aqui, ainda que o respeito as regras de nossas agências sobre nossas volúpias seja um imperativo categórico.
Eu, obsceno apenas pois seu protagonismo, meu amor, é condição inegociável, espero e para sempre hei, afinal que alternativa há para uma alma capturada por tamanha sanha, tamanha que o nome para ela ainda nem foi inventado?