Os cinco motivos que me fizeram ter um não relacionamento com alguém chamado você. (Parte 1)
1º A gente poderia ter dado muito errado se não tivesse dado tão certo.
Era um dia em uma semana e mês qualquer, você estava tão lindo com aquele seu rosto angelical, cabelo ligeiramente bagunçado e aquela expressão de quem está vendo vídeo de filhotes. Éramos amigos, não qualquer tipo de amigos, eu gosto de pensar que você era meu melhor amigo a um passo de amor da minha vida. E naquele dia qualquer, lá estava você, sentado no chão da minha sala de estar, ao redor da mesa de centro segurando suas 5 cartas de uno, eu poderia dizer que não lembrava quantas ainda lhe restavam, mas como mentir sobre os detalhes que te envolvem? Eu não saberia descrever o restante dos nossos amigos pois eu só tinha olhos para um certo alguém cuja a expressão sabia esconder muito bem um blefe e mesmo sabendo da sua alta capacidade de ser um jogador, eu te quis, quis me aconchegar em seus braços e sentir o calor do seu corpo, quis passar as mãos no seu cabelo e tentar melhorar aquele amontoado desgrenhado, mesmo sabendo que não adiantaria, quis beijar a sua covinha insolente que só aparece quando o seu sorriso é de alguém que conseguiu o que queria.
Lembro que ficou tarde e o restante dos nossos amigos foram embora e eu te convidei para ver um filme enquanto nossas mães estavam no trabalho, engraçado, não é? Além de ser meu melhor amigo a um passo de amor da minha vida, éramos vizinhos, só tínhamos mãe, que também eram amigas e trabalhavam no mesmo local. Decidimos ver nosso filme preferido “Frank” pois sempre que víamos acabávamos encontrando novas formas de especular a respeito das esquisitices dos personagens, de tanto assistir tínhamos decorado a trilha sonora e sempre cantávamos com sotaques diferentes. Você deitou com a cabeça nas minhas coxas e involuntariamente minhas mãos correram para seus cabelos e como eu imaginava, meus dedos não deram conta de acalmar seus fios. Eu lembro de puxar um travesseiro do sofá e colocar embaixo da sua cabeça só para ter o prazer de deitar ao teu lado e imaginar que você estava tão desconcertado quanto eu, naquele momento você tinha cheiro de problema, uma tentação, aconteceu algo no filme e você sorriu, senti minha respiração acelerar e tive que fingir ao máximo que sua boca não estava atraente, a boca que todo mundo gostaria de levar para casa, se existisse um concurso de boca, você ganharia sempre. Em um momento qualquer que acabou se tornando o primeiro do nosso acervo de momentos imprecisos, você tirou minha franja do rosto e passou seu indicador na minha bochecha, seu toque era preciso e quente, eu fechei os olhos e então aconteceu, sua boca promissora tocou meus lábios e eu não consegui resistir, você tinha aquela pegada de bad boy que li muitas vezes nos livros, fui precipitada, eu sei, mas não parei para pensar sobre isso, eu só te queria e não diria não para o que viesse posteriormente aos beijos, então aí está o primeiro motivo que nos levou a ter um não-relacionamento: a minha precipitação.