Triste, mas é Nata!
Hoje, de manhã, fui ao mercado em Nova Itaparica. Ao voltar, me deparei com essa cena. Descrevo: Ao lado do valão que um dia foi um rio, havia uma lona azul; ao fundo, duas casinhas: uma para o cachorro e outra para as galinhas. Ao lado, uma carroça. Na frente, em destaque, uma árvore de Natal.
Sensibilizado, desci do carro e bati palmas. Debaixo da lona, surgiu uma senhora que, educadamente, me perguntou: "O senhor deseja algo?" Respondi: "Passei para desejar a senhora um Feliz Natal!" Ela agradeceu. Em seguida, perguntei: "A senhora mora sozinha ou tem família?" Ela respondeu: "Tenho dois filhos e sou viúva; trabalho como carroceira." Em alto e contínuo chamou os filhos: "Isabele, Paulinho, venham aqui!"
Logo que as crianças saíram da lona, dei um abraço em cada uma e perguntei: "O que gostariam de ganhar do Papai Noel?" A mãe interrompeu e falou: "Senhor, não se incomode. Pelas ruas, vou encontrar muitas bonecas quebradas e carrinhos. E darei a eles, ficarão felizes."
Em tempo: Me veio à cabeça quantos mais estavam conformados com aquela condição de miséria? E ainda falam em felicidade! Pouco balbuciam palavras!
Me despedi. Mas voltei ao mercado e comprei uma cesta básica, além de uma boneca e um carrinho. Quando retornei ao barraco de lona, eles tinham saído. De qualquer forma, coloquei a cesta e os brinquedos na frente e uma lágrima.
Enfim............
No barraco humilde, onde a esperança mora,
O Natal se anuncia com luz que não descora.
Entre sonhos de fome e estrelas a brilhar,
Os pobres encontram a magia a ecoar.
Nas ruas esquecidas, onde o frio abraça,
Crianças descalças dançam sem desgraça.
Em cada sorriso, uma estrela a piscar,
Anunciando a todos: é tempo de amar.
À sombra do esquecimento, a ceia se faz,
Com migalhas de sonhos, na vida voraz.
Mas no coração simples, o calor a emanar,
Faz da pobreza um presépio a iluminar.
O Papai Noel talvez não venha por lá,
Mas a solidariedade, sim, vem para ficar.
Em gestos pequenos, no olhar que se encontra,
A verdadeira riqueza se revela, tanta.
À mesa, sem fartura, a união prevalece,
A partilha e o amor como prece.
Que cada presente seja um abraço sentido,
E a alegria no coração seja um hino, um canto.
Feliz Natal aos que na simplicidade estão,
Que a paz e o amor sejam a canção.
Que a luz que brilha nas estrelas ,
Ilumine a jornada de cada singelo papel.
Que na humildade se encontre a verdade,
E que a esperança renasça com intensidade.
No Natal dos pobres, ressoa a canção,
A mensagem divina de paz e redenção.