PAIXÕES EM COPACABANA
Copacabana, Rio de Janeiro, 1949. Um casal, com vinte anos, tão logo se conhecera, impetuosamente se apaixonara. Ela se chamava Andréia e, ele, Valentim. Andréia, gaúcha e branca, trabalhava em uma lanchonete e morava com a irmã mais velha, Miriam, que trabalhava em um supermercado. A família é de classe média, descendentes de italianos, por parte de mãe, e, de portugueses, pelo pai. Valentim é um catarinense negro, que trabalhava como motorista de táxi, descendente de portugueses, por parte de mãe, e, de espanhóis, pelo pai. Sua família pertencia a classe alta.
Os dois moravam em Copacabana. Miriam, de vinte e cinco anos, sentia inveja da beleza da irmã e por ela estar apaixonada por Valentim. Miriam nunca tinha tido namorado nem se apaixonado. Andréia conheceu Valentim um mês antes da Miriam. Miriam o conhecera, em outra situação, em um supermercado. Fora às compras enquanto Andréia estava trabalhando na lanchonete. Descobriu que havia um relacionamento entre a irmã e o rapaz, no caixa, ao ver sua foto, quando ele abriu a carteira para pagar os produtos.
Rápida, disse-lhe;
– A foto que tens contigo é da minha irmã.
Valentim ficou surpreso ao saber que a moça da foto era irmã de Miriam. Mais tarde, ao reencontrou a irmã, no apartamento onde moravam, disse-lhe que Valentim lhe dera em cima.
Miriam mentiu à irmã sobre Valentim. Acusou-lhe de ser traidor e “galinha” (aquele não leva a sério seus relacionamentos amorosos). No dia seguinte, Andréia procurou Valentim, no calçadão de Copacabana, e comentou-lhe que a irmã falara mal dele. O rapaz argumentou que a garota, com certeza, interpretara mal o seu comportamento. Andréia, preocupada, voltou ao trabalho na lanchonete.
Um mês depois, Andréia descobriu que Miriam lhe mentira. Procurou a irmã e disse:
– Valentim não é “galinha” nem traidor, ele me ama!
Miriam, arrependida, pediu desculpou à Andréia e saiu dizendo:
– Fica com Deus! Adeus!
Miriam, cantarolando, desceu as escadas, pretendia tomar banho de mar, mas, ao atravessar a rua, foi atropelada por um ônibus lotado de passageiros, que estava em uma velocidade muito alta, falecendo na praia de Copacabana.
Cinco anos depois, em 1954, Andréia e Valentim se casaram, em uma igreja, na Baixada Fluminense, local onde foram muito felizes. Optaram por não ter filhos.
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