A Roda da Felicidade - parte 4

A alma daquele velho caminhante estava carregada de dor e solidão, os netos não lhe conheciam e contemplando-lhes silenciosamente, sempre ficava a lhes admirar.

Observar o casal que se encontrava, trazia à tona o seu passado e de como os caminhos errôneos que percorrera, fizeram-lhe se afastar da própria família.

Quando jovem se esquecera que um dia envelheceria e um lar necessitaria; desperdiçava preciosas horas longe do lar, construindo um abismo que agora seu único filho se recusava a atravessar.

Ao voltar para casa naquele dia, rogou a Deus que lhe desse no pouco tempo que lhe restava a chance de reparar seu passado e desfrutar um pouco de afeto nos poucos dias que ainda dispunha.

Entrou na antiga residência e se pôs a admirar uma fotografia que lhe era tão preciosa e ficava sobre uma envelhecida cômoda.

Nela, contemplava com orgulho a bela família que seu filho criara, porque ao contrário do pai, ele teve a maturidade de os erros paternos não herdar.

Havia anos que estavam distantes um do outro, pois desde que sua esposa partira vencida por uma infame batalha contra o câncer, seu filho no desespero da dor que lhe consumia, achara mais fácil atribuir ao pai toda a culpa pela sua irreparável perda.

Não se eximia dos seus pecados, nem de como fora leviano e irresponsável. Porém, o tempo lhe trouxera tardiamente a maturidade, que infelizmente não era capaz de apagar os erros do passado.

Não soubera como amar, e como consequência fez todos se afastarem. Era compreensível que seu filho não lhe pudesse perdoar.

Sentado na poltrona de espaldar alto, admirava a foto em suas mãos trêmulas, porque o perdão era a única coisa que desejava.

Com os olhos fechados, se pôs a orar, e uma como se uma leve brisa lhe envolvesse, ouviu uma distante voz sussurrar: “Perdoe-se, para que os outros também possam te perdoar”.

Lágrimas escorreram dos seus olhos e uma decisão tomou: com seu filho tentaria reconciliar.

Munido de determinação, partiu em direção àquele endereço que nunca havia procurado, pois lhe faltava coragem para rogar ao perdão do seu único filho.

Atravessou o amplo jardim de entrada com o coração acelerado pela apreensão, e ao tocar a campainha implorou pela misericórdia de uma força superior. Após alguns segundos, a porta se abriu e diante dele estava uma linda garotinha de olhos doces e gentis.

_Olá, quem é o senhor?

Em breve a conclusão …