Presente
Quando eu era criança. Numa tarde quente e empoeirada. Minha mãe mostrou uns seus tesouros.
Um anel de ouro com pedra vermelha,
um punhal brilhante de cabo todo desenhado.
Uma escova de cabelo prateada com pelos macios. Junto com um espelho encantado. Meus olhos amaram tudo o que viram.
Parte dos meus dias passei naquela casa.
Quando adolescente minha mãe me deu seu relógio.
Ela disse: - Dá o pulso
Eu abri meu bolso
Ela repetiu: - Dá o pulso
Ah! O pulso!
Dei o pulso.
Um pulso mirrado.
Ganhei um relógio antigo, devia estar com ela desde sua juventude.
Mas era o primeiro da minha vida. Dia feliz.
Até hoje, trinta anos depois, gosto de relógios.
Às vezes eu volto lá.
Não na velha casa, mas no tempo.
Miro meu relógio já sexagenário. Ainda trago ele comigo.
Volto no tempo em que minha mãe era bonita. E de quando abria seu coração para mim em momentos de afetos.
Hoje minha mãe não existe mais, não por aqui. Só a memória me leva de volta. Sozinha busco em vão meus tesouros.