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O ANEL

 
 

Nessa tarde estavam sentados à mesa do café, de mão dada.
Gonçalo olhou de novo para ela, embevecido. Era tão linda…loura, cabelos cacheados...
Emocionava-se só de sentir a mão dela na sua...

Muitas vezes Sandrine chamava-lhe a atenção quando ele, impulsionado por um sentimento arrebatador, se declarava loucamente apaixonado por ela, pois era uns quantos anos mais nova e e além disso a sua situação civil não lhe permitia grandes veleidades.
Gonçalo sempre descartou esse argumento, adorava-a e também gostava do filho dela, o Fred, de apenas 4 anos. No entanto, pouco a via com ele pois Sandrine, sendo casada com Richard, um aristocrata francês muito arrogante, levava sempre uma vida algo restrita e dava ao filho uma educação bastante rígida.

Mas a vida tem caprichos dificeis de explicar e eles acabaram por se tornar amantes quase fortuitamente, na sequência de uma festa privada a que Richard não pôde comparecer. Claro que os cocktails também ajudaram, a cabeça meia zonza de ambos completou o quadro e após uma noite de lascivos carinhos acordaram nos braços um do outro, quase sem se conhecerem. Foi um sentimento que pegou e tornaram-se inseparáveis.
Sandrine gostava muito dele. Essa atração, no início mais física que outra coisa, foi-se aprofundando com o decorrer dos encontros furtivos, das sessões de cinema de mão dada, dos passeios mais discretos, com adoração mútua. Sempre que possível, em algumas tardes, amavam-se num sigiloso hotel nos arredores da cidade.
Um dia em que se aventurou mais, tendo ido a casa deles, foi apresentado ao marido como sendo um escritor deveras talentoso. Gonçalo reparou que havia algum distanciamento entre eles, tratavam-se por você e o mesmo acontecia entre pai e filho, sempre acompanhado por uma babá.
Entretanto o tempo correu e Gonçalo, impaciente, pois amava-a muito, disse-lhe um dia que queria algo mais, desejava que ela se separasse de Richard e fosse viver com ele.
Sandrine fitou-o algo aflita. Sabia que a sua situação seria a longo prazo insustentável, mas aquela solução também lhe era de todo impossível.
E explicou as razões ao amante: acreditava que Richard, talvez lhe tolerasse uma aventura, mas nunca estaria de acordo com a separação, sobretudo pelas consequências que isso traria em termos psicológicos para Fred. No entanto e como que a reforçar esse seu sentimento, Gonçalo ofereceu-lhe um belo anel de esmeraldas, a simbolizar o imenso amor que sentia por ela. Sandrine aceitou-o a custo, algo constrangida, mas não lhe deu resposta.
Como já se considerasse visita habitual da casa, um dia Gonçalo decidiu expor o problema a Richard. Este, apressado, não lhe deu grande atenção, apenas quando o ouviu dizer que desejava que Sandrine se divorciasse, como que “acordou” e deu-lhe duas bofetadas, empurrando-o porta fora.
Gonçalo, consciente da asneira que fizera, tentou encontrar-se com Sandrine e falar com ela, no sentido de a convencer. Sem resultados, pois não lhe atendeu o telefone.
Algum tempo depois, ao entrar no prédio onde morava, a porteira entregou-lhe uma pequena caixa de cartão, forrada a veludo vermelho. Continha o anel que havia oferecido a Sandrine, bem como uma sucinta carta de despedida, desejando-lhe felicidades.
Gonçalo ficou em choque. Deixou passar mais alguns dias e foi deixar um envelope na portaria do prédio de Sandrine, pedindo ao funcionário, encarecidamente, que o entregasse pessoalmente à sua amada. Devolvia-lhe o anel que com tanto amor lhe oferecera e fora repudiado, bem como mais uma carta de amor, desesperada.
Depois Gonçalo, sem resposta, viveu amargurado. Durante bastante tempo, não mais viu o casal ou o filho. Então dedicou-se totalmente à escrita e obteve êxito.
 
Decorreram alguns anos e um dia, ao entrar numa exposição de Arte Moderna na capital, deu de caras com Sandrine e Richard, trazendo pela mão Fred, agora mais crescido.
Cumprimentaram-se com algum formalismo. Richard perguntou-lhe se havia tido sucesso como escritor, ele respondeu que já havia publicado dois livros, ambos com vendas muito satisfatórias.
Sandrine olhava-o intensamente, com um ar apaixonado, ao que ele correspondeu de igual modo.
Então reparou que ela deslizou subrepticiamente parte da luva esquerda sobre os dedos, deixando antever o anel de esmeraldas que ele em tempo lhe havia ofertado. Gonçalo quase não conseguiu disfarçar a emoção, mas a reação de ambos nem sequer foi percebida por Richard,  que entretanto falava com o filho. Ela afinal também o amava.
Despediram-se penosamnte, Gonçalo com um grande aperto no coração, pois ficou sabendo que os seus mais doces sentimentos eram integralmente partilhados por Sandrine, que por sua vez o olhou uma derradeira vez com os olhos rasos de água. Despediram-se com um suave aperto de mão e depois, à distância, Gonçalo olhou-os, arrasado. 

Mesmo assim, no dia seguinte procurou-os na casa onde eles anteriormente moravam, mas o porteiro informou-o que há algum tempo haviam saído de lá, mudando-se para paradeiro desconhecido.

Perdera-a para sempre.

Desolado, abandonou tudo e nunca mais ninguém o viu.
 

 

 
 

O VERDADEIRO AMOR  É ETERNO, ACONTECE E FICA PARA SEMPRE 

CONOSCO.

 

 

 

 

Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 02/09/2023
Código do texto: T7876098
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