Na tarde passada sonhei com você.
Na tarde passada sonhei com você. Não existia qualquer rastro de ficção, no entanto, nunca poderia ser real. É coisa de brasileiro sonhar demais, mas nem tudo é como num sonho e quando é se torna um pesadelo para o outro, no caso, você. Tudo o que contarei a seguir é um reflexo do que meu cérebro imagina, não o meu coração, na verdade, ele anda confuso de uns tempos pra cá. Não sei se ele acelera pela necessidade de tê-lo ou pelo medo de apaixonar-se novamente. Você esqueceu um pedaço seu nele e agora ele sente a falta que resta a todo instante, não consigo controlá-lo, te quer por completo.
Estou mudando de assunto tentando descrever o inefável, voltarei ao sonho. Nele eu te via caminhando em minha direção com muita alegria, seus olhos refletiam uma pureza que jamais vi em um humano destituído de graça. Estava lindo, mas admito que prefiro quando você não é apenas uma projeção da minha mente. Eu corri até seus braços, o que é engraçado pois você nem ao menos sabe como abraçar alguém, mesmo assim me deu o abraço mais terno que pôde. Sentíamos o sol e todo o seu fervor em nossos corpos frágeis nessa cidade tropical, mas nada era mais caloroso do que suas mãos entrelaçadas as minhas. As árvores nunca estiveram mais verdes, elas ficavam se balançando de um lado para o outro. Minha avó sempre me dizia que as árvores dançavam quando estavam felizes, será que éramos nós o motivo da felicidade?
Por um momento esqueci do meu passado tortuoso e tudo o que via em minha frente era um presente mais do que desejável. Não me recordo de compartilhar palavras contigo, o que é estranho pois todos sabem que somos difíceis de sermos calados, no entanto lembrei do que me disse certa vez: “o silêncio se torna confortável com algumas pessoas”. Desejei jamais acordar. Como poderia? Não haveria graça alguma em despertar sem tê-lo daquele jeito, mesmo assim acordei.