História Infindável I

Começou o que seria um dia “normal”: acordar, café da manhã, banho, caminho para o trabalho, trabalho... Dia pacato, sem cor, sem dor, apenas mais um dia. Meus dedos teclando sem parar, sentada à frente do computador, uma xícara de café ao lado e conversas cotidianas nesse ambiente. Quando às 11h30min recebo uma mensagem de texto em meu celular: “Oi, como você está? Tudo bem?” E então eu gelei, fiquei bons minutos olhando para a tela sem acreditar no que via, sem saber o que responder. Minha mente operava em um turbilhão de pensamentos. Mais uma vez, após anos, ele ressurge. Pensei até mesmo em uma brincadeira de mau gosto, tendo em vista tudo o que ocorreu em nosso último contato. Esse homem é um enigma que eu sou incapaz de decifrar! Ansiedade começou a percorrer em todo meu corpo, eu tremia, as batidas de meu coração já estavam em mais de cem, me faltava ar; desequilíbrio, desordem, caos dentro de mim. Eu estava em borbulhas como água fervendo. Levantei, sentei, saí, voltei, procurei retornar às atividades do trabalho e não conseguia fazer absolutamente nada. Apenas respondi duas horas depois, quando enfim, serenei. Respondi que estava bem, de forma sucinta e objetiva. Ele não estava interessado em saber apenas isso, me encheu de perguntas, queria realmente saber sobre o que eu estava fazendo, por onde andei, meus interesses, queria saber de tudo irrestritamente. Quando por fim, disse uma frase que faz qualquer pessoa se desestabilizar no mesmo milésimo de segundo: “precisamos conversar, pessoalmente” O chão se abriu e eu não fazia ideia do que ele queria dizer, minha ansiedade aumentou significativamente de modo instantâneo. Porém, eu precisava ser firme para que não acontecesse tudo o que sempre acontecia, então friamente perguntei-lhe: “Agora vai?” Eis que as respostas mais inesperadas surgiram e fiquei em choque, em pânico! O fato é que eu não esperava por tudo o que li. “Sim, agora vai! Eu não estou aguentando mais, preciso te ver. Eu tenho medo de me apaixonar e por isso sempre fujo.” Arrepiei da cabeça aos pés, demorei a entender, eu não conseguia absorver aquelas palavras. Até que comecei a me afogar em diversos questionamentos e verbalizei a ele que eu imaginava inúmeras possibilidades, mas isso não era uma delas, e para mais uma surpresa, ele responde: “nos conhecemos pouco mesmo”. Foi uma conversa que durou horas, contendo questões de “isso só pessoalmente” e erotismo. Somos intensos um com o outro, o desejo é notório em palavras e sempre foi nos olhares e toques; sinto falta. Sempre ouvi dele: “Vamos marcar de nos encontrar, vamos nos ver fora daqui, vamos marcar...” e nunca aconteceu. Sempre foi uma promessa, e dessa vez, apenas as palavras mudaram, mas o sentido está sendo o mesmo. Novamente estou aqui, suspirando, frustrada, arrasada, pensando nele de forma ainda mais constante, a intensidade ainda mais aflorada, me tocando e me derretendo por ele todos os dias. Questionei se um dia vai... não sei. Só sei que essa história é infindável. Se nem em anos sem contato chega ao fim, sequer a morte pode findá-la.

CONTINUA...

Sophia Hatzendorf
Enviado por Sophia Hatzendorf em 15/08/2023
Reeditado em 22/08/2023
Código do texto: T7862112
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