Volúpia
Ela estava passando férias com seus pais na fazenda.
Do auge dos seus quinze anos seus hormônios fervilhavam em desejos e vontades.
Estava entediada.
Sentou-se na varanda lendo um livro.
Quando olhou, os trabalhadores da fazenda passavam pra suas casas após a jornada.
Entre eles um jovem de uns dezoito anos. Alto, forte, másculo e seu rosto era lindo.
Fixou os olhar nele como se estivesse hipnotizada. Ele a olhou com admiração e cobiça.
As férias estavam apenas começando e ela encontrou uma diversão para os dias que passaria ali. Todos os dias pela manhã e à tarde lá estava esperando que ele passasse Se exibia e o provocava. Ele a olhava como se estivesse vendo uma deusa.
À noite em sua cama ficava sonhando. Quase o sentia tocando sua pele, beijando sua boca e seus corpos colados. Seu corpo ardia de vontade e o desejo a consumia.
E se mostrava. Ele a devorava com os olhos de tal modo que ela se sentia nua.
Os dias passavam e ela se sentia apaixonada embora soubesse que jamais poderia viver aquela paixão. Ninguém entenderia ou aprovaria.
Ele sabia que todos os dias ela passeava sozinha pelas redondezas.
Ela caminhava distraída olhando a natureza com suas flores, pássaros e borboletas.
Ele apareceu de repente diante dela, sabia que ninguém passava por ali.
Ela se assustou, mas vendo quem era começou a provocá-lo como sempre.
Ele a tomou em seus braços e a beijou.
Ela nunca tinha sido beijada e sentiu um calor percorrer todo seu corpo.
Ele tocava o seu corpo de garota que já tinha formas de mulher. Tocou seus seios delicados e ela se sentiu desfalecer de vontade, tocou sua pele macia. Suas mãos eram rudes, ela ficou sem reação, sentido-se toda arrepiada.
Ainda abraçando seu corpo e se esfregando nela ele disse:
-Eu estou apaixonado por você. Quero me casar com você. Vou falar com seu pai.
Ela se soltou dos braços dele.
-Você enlouqueceu? Acha que sou mulher pra você? Pensa que meu pai vai querer um genro como você? Você é só um peão da fazenda. Eu sou a filha do fazendeiro.
-Você está me provocando todo esse tempo. Pensei que também estivesse apaixonada.
Ela riu:
-Apaixonada? Eu estou sim, mas olha pra mim. Acha que sou pro seu bico? Sou linda, rica. O que pode me oferecer?
-O meu amor.
-Meus pais jamais consentiriam. Eles querem pra mim um homem à minha altura.
-Você não tem vontade própria?
-Eu só tenho quinze anos.
-Eu te espero quanto for preciso.
-Nós não podemos estar apaixonados. Esqueça tudo, vou esquecer também.
Ela saiu correndo. Ele ficou parado com uma tristeza imensa no olhar.
Chegou em casa.
Sua mãe perguntou porque demorou no passeio.
Ela balbuciou alguma coisa e correu pro seu quarto. Sentia que todo o seu corpo estava febril. Lembrava do seu corpo colado ao corpo daquele rapaz. Fervia de desejos e cada vez mais sentia seu corpo quente. Sentia que teria se entregado caso ele a tivesse tomado. Só de pensar no beijo e em suas mãos rudes tocando seu corpo, estremecia. Por mais que tentasse não conseguia controlar o desejo. O que queria era voltar pra junto dele e se entregar por inteiro sem pensar nas consequências, mas permanecia ali deitada se tocando e lembrando do que aconteceu e de todo o desejo que ele também sentia.
Sua mãe chegou no quarto e viu a filha com o rosto vermelho. Chegou perto e viu que parecia ter febre, não entendia nada, estava tão bem ainda há pouco. Preocupada perguntava o que ocorrera. Ela dizia que não era nada, só o sol que estava muito quente.
No dia seguinte a família voltou pra cidade e ela não viu mais o rapaz. Quando voltaram à fazenda ele já não trabalhava mais lá e ela nunca mais o viu.
Seguiu sua vida.
Namorou muito. Mais tarde se casou e, embora se sentisse feliz, pensava que não encontrou em nenhum namorado e nem no marido o beijo, o toque das mãos dele, o abraço ou calor daquele corpo.
Pensava em como teria sido bom ter se entregado àquela paixão de adolescente embora naquela época aquilo fosse inconcebível para uma mocinha de família criada para se guardar para o futuro marido.
Pensava em como as coisas mudaram e como hoje tudo seria diferente e ela se entregar àquele amor não faria a mínima diferença em sua vida, em seu futuro.
Sequer soube o nome dele. Sabia que aquela aventura ficaria apenas em sua lembrança por toda a vida e que nunca mais o reencontraria.
E mesmo que encontrasse jamais poderia se envolver com ele pois seus mundos eram muito diferentes e a sociedade hipócrita não aceitaria um romance entre um trabalhador braçal sem estudos, tosco e uma mulher culta, estudada, da melhor sociedade local, linda, elegante.
E sabia que nunca teria coragem de enfrentar o mundo e assumir tal romance.
Pela vida afora nunca esqueceu o primeiro beijo nem aquele homem másculo e viril que tocara seu corpo com tanta paixão e volúpia.
Se arrependia de não ter experimentado tudo com ele e vivido uma tórrida paixão.