A namorada - Parte II: o desenrolar dos fatos.
O encontro não poderia ter saído melhor do que o Breno imaginaria. Ao chegarem no restaurante que Lia escolheu, a primeira pessoa que eles encontraram foi o Rodrigo com a menina que ele havia ficado na fatídica festa. Quando Lia viu Rodrigo com outra, percebeu que seu futuro era uma página em branco pronta para ser escrita numa nova forma: com o Breno! Nesse momento, Lia pode ver nos olhos dele tudo que ela queria que fosse o Rodrigo expressando.
O que a Lia não conseguia ver (ainda!!) era que o Breno era o Breno. Um bom moço, daqueles para casar. A Lia estava tão focada em algo efêmero como uma noite de sexo casual, que quase passou desapercebida que diante de seus olhos, havia um homem, e não um menino.
Nesse momento, a Lia finalmente enxergou o Breno da forma que ele sempre sonhou que ela o visse, e foi assim que o romance deles começou a fluir. Eles conversaram sobre coisas cotidianas, porém não muito profundas (assim como a Lia). Ao final do jantar, Breno convidou Lia para sua casa e ela aceitou ir. Ele, orgulhosamente, mostrou a casa dele para ela, como se no íntimo desejasse que aquela casa fosse dos dois.
Breno, um romântico inveterado, sabia o que sentia pela Lia, mas também sabia a realidade dos fatos (Lia queria o Rodrigo) e mesmo assim resolveu se jogar com tudo. Neste momento, os dois sozinhos na casa dele, pouco importava o que havia acontecido, se ele era segunda opção ou não, aquela era a chance dele e ele não iria desperdiçar.
Foi quando na mente do Breno, como na última conversa deles, e num rompante de conselho, a Keila se fez presente, advertindo: “Breno, você está fazendo merda, você é e sempre será a segunda opção da Lia”. O Breno ignorou isso com sucesso e caiu de tudo quanto é jeito e não só de boca nas carnes da Lia.
E como num sonho, eles fizeram amor a noite toda. O encaixe era perfeito, a dinâmica era perfeita. O ritmo e a sincronia eram únicos. Era como uma sonata de Beethoven feita exclusivamente para aquele momento, tudo parecia corroborar para que eles ficassem juntos, se não fosse a constante lembrança na mente do Breno de que ele era e é a segunda opção da Lia.
Um novo dia amanheceu, Breno acordou de um sonho ao lado da Lia, nua e bela deitada ao seu lado. Era tudo o que ele queria (só que não!!). No fundo, ele sabia que aquela maravilhosa noite de amor só havia acontecido porque a Lia havia visto o Rodrigo com outra. Breno, por mais que fosse apaixonado pela Lia, sabia (ou pelo menos fingia muito bem saber) do seu valor.
Após acordarem, Lia vestiu-se e foi embora para casa, nesse momento, o grupo de WhatsApp das amigas estava bombando com detalhes da noite da Lia. A Keila, que fazia parte do grupo, lia incrédula as mensagens da Lia, se corroendo de ódio e inveja, para ela era uma felicidade falsa, afinal todas sabiam que a Lia era louca pelo Rodrigo.
Foi quando a Keila teve a brilhante ideia de seduzir o Rodrigo, afinal a sua amiga Lia, havia pegado o seu crush supremo: o Breno. A Keila sabia muito bem o que queria: fazer a Lia sentir o mesmo que ela sentiu ao ler a Lia descrever a fabulosa noite de amor que teve com o Breno, mesmo sabendo que todos os sentimentos que a Lia descreveu eram voltados para o Rodrigo e não para o Breno.
O que a Lia não esperava era que a Keila fosse bem articulada, além de linda, a Keila sabia para que tinha vindo a esse mundo. Ela era, como dizia a música do Rick e Renner: “uma deusa, uma louca, uma feiticeira, ela é demais”. Ela sabia que o Breno jamais a veria como mulher e ela sempre seria a amiga querida dele.
Foi então que a Keila resolveu colocar seu plano em prática. Na arte da sedução ninguém podia com ela. Ela sabia os lugares que o Rodrigo frequentava, e foi assim que ela se aproximou, usando a temida friendzone como escudo para seu plano sórdido. O Rodrigo, burro que só caiu nesse jogo fácil.
Era muito difícil resistir a Keila, um espírito livre e libertino. Ela nem precisou se esforçar muito para conseguir ficar com o Rodrigo, que caiu feito um panaca nesse jogo. Foi uma chave de coxa homérica, nada que um "turco" não resolvesse (piada interna…. Só para descrever uma performance sexual incapaz de ser feita por meras mortais). Sem deixar rastros, Keila se manteve presente na vida da Lia, afinal elas eram "amigas".
Pelo tempo necessário, a Keila conseguiu manter seu caso secreto com Rodrigo, enquanto a Lia tentava se apaixonar, em vão, pelo Breno. Ele percebeu que a Lia apenas o usava como muleta emocional, ou melhor, válvula de escape. E debaixo dos panos, começou a pegar geral na cidade, começando pela amiga da Lia do grupo de leitura, Marina.
Breno e Keila acabaram se tornando muito amigos, e em meio a muitas conversas, ele ficou sabendo como a Keila articula sua vida privada (ele não sabia do Rodrigo!), bem longe dos holofotes e da curiosidade alheia. Keila tinha um jeito único de viver, ela delimitou limites logo no início, catalogando os homens por classes (homem para ser amigo, para dar, para enrolar, para namorar, para casar… e por aí vai). O Breno achou aquele sistema da Keila eficiente e passou a criar o seu próprio, colocando a Lia em segundo plano.
Em pouco tempo, Breno havia pego quase todas as meninas do grupo de leitura da Lia, sem ela saber. Porém, ficou muito difícil para ele esconder suas peripécias, já que as meninas do grupo de leitura passaram a compartilhar as histórias de seus paqueras (o Breno!!!).
Foi assim que a Lia descobriu que além da Marina, o Breno havia ficado com a Bianca (que era casada e abriu o relacionamento apenas para ficar com ele), a Lucia (que, num futuro próximo, seria a namorada de seu amigo Alec) e passou a desconfiar de que ele estava tendo um caso com a Keila.
Continua…
S.A.M
01/08/2023
Vancouver, BC, Canada