LOUCO AMOR

Vamos falar de amor à distância

Você acredita nisso?

Ela queria um amor, desses de cinema.

E de tanto procurar e sofrer, um belo dia encontrou um cara.

Um cara bonito e inteligente que vivia numa rede social.

Eles trocaram mensagens.

As primeiras foram inocentes, curiosas, de conhecimento.

Não demorou muito para se tornarem excitantes, picantes, explícitas.

Quando ela se deu conta, estava apaixonada, e uma legião de borboletas criou habitat no seu estômago.

De repente, ele era tudo para ela.

E ela sabia, a despeito dos avisos, que seria capaz de fazer tudo por aquele cara.

Mas não era só isto. Tinha muito mais.

Ela nunca havia escutado a voz dele.

Ele nunca embarcara em um avião para vir conhecê-la.

Eles nunca tocaram o dedo um no outro.

Era um amor virtual. Tão virtual quanto surreal.

A única coisa de concreto dele eram suas fotos em uma rede social.

Ali havia uma vida que ela seguia como se o alecrim fosse alguém real.

Eram fotos e momentos que a levaram a se apaixonar enlouquecidamente.

As borboletas no sistema digestivo dela triplicaram.

Nunca ela se perguntou se as fotos eram mesmo dele.

Mas, de tão apaixonada, ela acreditava em tudo o que o outro dizia. Ou melhor, que ele escrevia por um aplicativo de mensagens.

No fim das contas, ela se apaixonou por um personagem que criou em sua mente carente e, agora, também doente.

Um personagem que é perfeito até nos seus defeitos.

Do outro lado ninguém sabia quem ele era.

Sedutor, carismático, bonito, musculoso, popular.

Ah, redes sociais, quanta perdição e loucura se escondem em cada postagem.

O príncipe encantado travestido de alecrim dourado podia até estar bem pertinho dela.

Assistindo ela minguar de amor e carência por um cara que nunca existiu.

E atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou pelo personagem que inventou na ânsia de viver um grande e inesquecível amor.

Maria Caterinna
Enviado por Maria Caterinna em 17/06/2023
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