O início da nossa história

Mesmo que muitas pessoas não admitam, todas procuram por seu grande amor, procuram por aquela pessoa, que percebe quando estamos tristes apenas em olhar, que anseia estar conosco em todos os momentos da nossa vida; que quer poder dividir conosco todos os momentos afortunadas, infelizes e complicados, que nos faz sorrir nas horas mais difíceis, que nos aconselha segurando a nossa mão e diz que seja qual for a nossa decisão estará conosco; que mesmo que estejamos errados nos oferece o ombro amigo, oferece o seu apoio, que nos incentiva a ir atrás do que desejamos; que tenta nos ajudar a resolver os nossos problemas antes mesmo que peçamos, que não importa o tempo nem a distância, nem momento, ela estará conosco para o que for preciso, que contra tudo e contra todos, jamais nos abandonará, que deseje formar conosco uma família e que esta seja um elo inquebrável. Todas as pessoas procuram por um amor que seja um encontro de almas e de corpos. Todas as pessoas procuram por um amor que não seja morno e insípido. Esse tipo de amor existe além dos romances, dos filmes e novelas?

O que posso dizer é que aprendi que a vida nunca segue exatamente o roteiro que idealizamos. Então todos nós procuramos por esse amor, porém raramente o encontramos fora da arte e da literatura. Eu confesso que o encontrei em vários romances, e continuo alimentando-me deles, suplementado o que não encontrei de fato. É uma maneira de lidar com os travores da vida. Fantasiar é uma forma de viver a realidade que não ousamos ter, em meio à fantasia podemos ser.

Todos buscamos a felicidade, contudo não a alcançamos naturalmente sem que haja uma busca constante e incansável, pois ela não é um estado, é um sentimento, um subproduto de nossas ações.

A felicidade é feita de pequenos instantes que devemos cultivar e regar para que se multiplique e possa ser dividida. Não devemos procurá-la nas coisas que possamos ter, nem no sexo e nem mesmo no amor porque não é lá que ela reside. Como já falei ela é um sentimento e ninguém vive um estado permanente de felicidade, porém devemos reconhecê-la e usufruí-la intensamente nos preciosos momentos em que ela surge.

Enquanto floreio a minha história, reconheço que não procurei muito tempo pelo amor. Aos quinze anos o destino me apresentou àquele que seria o meu marido. Eu não poderia dizer que foi amor à primeira vista, também não foi paixão à primeira vista, mas creio que foi atração à primeira vista. Creio que o amor é um sentimento que surge a partir da admiração, do respeito, da amizade, da cumplicidade e do desejo de amar, já a paixão não é um sentimento, é algo físico que desestabiliza os amantes apaixonados. Então é maravilhoso quando o amor chega acompanhado da paixão.

Todo mundo tem uma boa história para contar sobre sua vida. Alguns têm uma vida inteira recheada de fatos curiosos e acontecimentos envolventes, outros nem tanto. Não sei se os fatos que compõem a minha existência interessariam a alguém, mesmo assim vou fechar as gavetas da minha prudência e abrir o baú da minha memória para que fragmentos da minha história possam revelar-se.

O encontro que resultou na minha história aconteceu em uma praça por acaso. A minha colega o conhecia, nos apresentou e na noite seguinte ele se encontrava em minha casa para conversar comigo e nas noites seguintes também. Ele não me deu chance de escolha, marcou cerrado e quando percebi havia caído no laço. Malandramente ele foi se aproximando e quando percebi, já havia me conquistado.

[...]

Este conto é parte do livro de minhas memórias que ainda estou escrevendo sem pressa de acabar.

Umbelina Marçal Gadelha

Umbelarte
Enviado por Umbelarte em 16/06/2023
Código do texto: T7815528
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