Quisera ela, quisera amor...
“Quisera ela que fosse amor, será que era, será que não?”
Duas estações se passaram e logo ela chegará ao destino. Já conheço aquele ros-to de longa data, os cabelos bagunçados com o vento e a face ruborizada pelo frio. Nas mãos já não vejo o símbolo de alegria que outrora adornava os dedos. Quando a aliança se fora levou consigo seu belo sorriso.
“Se não era amor, o que sentiu?
O compasso descompassado do seu peito a traiu?
... Quisera ser feliz e ainda não fora.”
Olhar que se perde por além das construções, o mesmo verde outrora intenso hoje se apaga em meio a pouca luz. Quisera eu que ela sentisse o amor, mas ele a deixou. A triste melodia ecoa nos vagões e mais ainda em seu peito vazio.
Sento-me ao seu lado e minha presença quase não é notada. Se agora eu pudesse dizer algo que confortasse seu coração escolheria a esperança em forma de canção, a constante fuga de um aflito, a melodia repleta de compaixão. Mas ela não me ouviria...O que um velho como eu diria a uma jovem como ela?
“Ceder, faz parte de se dar;
Perdoar nunca é perder por se doar;
Na derrota contra o orgulho, vencedor é quem já perdoou.”
Desconheço a intensidade da dor que a aflige, mas sei do poder que o perdão pos-sui. Jovem menina deixar ir não significa sentir fraqueza!! Os humanos são iguais nas constantes mudanças, pois a alegria do ontem pode ser a tristeza de hoje, e se desconhe-ce as incertezas do amanhã. Não se lamente por viver intensamente, por ceder mais ve-zes do que o normal. Oras, se doar faz parte do amor e não há punição para tal... Perdoe, ainda que seja difícil... Se esforce, o perdão traz consigo a força necessária para seguir, de peito aberto ao que mundo te reserva.
“Não se proteja das felicidades da vida
E deixa partir...
Porque vai ser amor, mesmo que um dia já não seja seu, vai continuar sendo amor;
Liberdade é abrir mão do medo, abrir mão do medo de dizer adeus...
Depois disso, deixa o tempo dar conta do esquecimento.”
O fim de seu trajeto chegou e como quem ouvisse meus vagos pensamentos sobre a vida ela me sorriu. Alguns passos adiante e um choque repentino com um jovem rapaz fez seus olhos vibrarem.
“Quisera que fosse amor e de fato era.
Pois a liberdade te faz atento aos caminhos corretos
Para novas almas apaixonadas se encontrarem.”
Os perco de vista e logo a minha frente outra jovem se senta. Cabeça baixa, ex-pressão triste, e percebo de fato o amor nunca se finda e a dor é somente o primeiro passo de um recomeço....
“Quisera que fosse amor ...
E de fato sempre o será”