Eu me Apaixonei!
Eu me apaixonei!
Estava fazendo Rapel na Serra da Cantareiras, em São Paulo. Era para ser só mais umas das minhas aventuras, o lugar além de belo, detinha uma natureza exuberante, mas, tinha um "Q" de sentimentos aflorados em Poesias...
Segui algumas trilhas, conhecendo o terreno à aventurar-me, cascalhos, pedras, e, vegetação, tornava minha vontade de violar o limite entre viver, e, morrer, desafiador...
Após horas de caminhada, achei o lugar ideal para descer, fiz todo preparativo, então, era hora.
A descida foi tranquila, ao chegar embaixo, sentei-me numa Rocha, para uma foto, depois de feito, virei para contemplar a paisagem atrás de mim... Foi quando à vi.
Entre uma rocha e outra, havia um envelope amarelado pelo calor do sol, manchado pelo orvalho da noite, pelo seu estado, não tinha muito tempo ali, talvez semanas, dias, vá saber. Com certeza, não fora ontem...
Caminhei em direção, até o mesmo, peguei-o percebi, que, havia uma folha dentro, seria um bilhete, uma carta, ou, só papel sem qualquer intenção, bem, como não tinha ninguém por perto, a não ser, Eu, as elevações, e, a imensidão de um céu azul com nuvens esparçadas...
A curiosidade geminiana, fez-me abrir. Era uma carta! Nela a seguinte descrição:
Salvador, 19 de Abril de 2023.
A você!
Há muito esperei alguém com um jeito impar, porém, afinado ao meu jeito par.
Escrevo a trinta e cinco anos, e, das escritas juvenis, até, a juventude das minhas escritas, de alguma forma, lá estava você.
Alguns dirão, é acaso.
Outros falarão, que belo ator.
Uns poucos, nem terão opinião, porém, exaltará as linhas formadas.
Agora...
Apenas uma, ou, duas pessoas com sensibilidade, identificarão a essência...
Dos meus riscos, você foi o maior desafio.
Do meu entender, você foi minha maior leitura.
Da minha busca pelo novo, você foi a maior das aventuras.
Então...
Me apaixonei!
Me apaixonei por suas letras, pela sua atenção, pelo simples "Alô", pela conversação por mensagens, sem entregar, as tantas entregas, pelo diálogo, que, estendeu-se por horas no meu quintal, expondo uma fração do que, fomos, do que, somos, do que, supostamente um dia possa ser...
Me apaixonei por sua voz, pelo "I", "Né", incidindo a cada versar, pela foto, que, parece olhar para mim, jogando o cabelo ao vento, pelo seu riso, as gargalhadas, por usarmos nós dois em hipóteses, pelos pontos de vistas, de você, por você...
Eu espero, que, ao lançar, o vento leve esta carta até você, fiz sacrifícios em prol do guardião Éolo, pus nas mãos do vento leste, essa responsabilidade, deixei a forma de como chegará, por conta de Eros, espero resposta o mais breve possível...
Abraços.
Serra da Cantareira, 2023.
Rocha.
Ao ler, sentei-me na mesma Rocha, onde tirei a foto, e, pensei:
- Em que momento da vida, tal paixão é tão forte, tão leve, a ponto de morrer por entre Rochas e poeiras?
Talvez eu nunca venha a decifrar tal enigma do destino!
Peguei a corda, e, escalando de volta ao pico de onde desci, olhei para o horizonte, aquela linha imaginária, pôs-me a imaginar em que, linha eu deveria lançar a carta, não foi assim então, que, senti um vento a favor, sem o devido conhecimento sobre como entrar em contato com os deuses, supliquei humanamente uma nova tentativa, pois, não era justo deixar a paixão perdida em meio ao nada, olhei mais uma vez, e, quando o vento passou novamente, larguei-a a seus cuidados.
Puxei a corda, arrumei as tralhas, e, segui o caminho de volta para casa, certo de que, tudo na vida tem uma segunda chance, só depende da direção que o vento soprar...
Texto: Eu me Apaixonei!
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 30/04/2023 às 18:09