GUARDA-CHUVA

Come beneath my umbrella, so that I can give you shelter.

(Venha para debaixo do meu guarda-chuva, para que assim eu te dê abrigo.)

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Sei que por um tempo você esteve andando por aí, vagando sem rumo, perdida sem nenhum senso mínimo de direção. Sei que esteve sob o calor escaldante do sol queimando-lhe a cabeça, te golpeando. Sei das noites frias, de ventos gelados que te deixaram emocionalmente abalada. Tenho ciência de suas noites chuvosas e trevosas, sem abrigo à vista.

Foi numa dessas que te encontrei, debaixo do temporal, o corpo tremendo de frio, sendo atingido sem piedade pelas gotas da chuva irritadiça. Estavas lá no meio da rua, solitária, enquanto as pessoas seguiam o próprio rumo sem notar sua presença. No rosto, você carregava um olhar de desalento. Ninguém para lhe estender a mão, ninguém que conseguisse te compreender.

Mesmo agora, meu coração ainda se despedaça ao te ver debaixo da chuva. Então decidido, fui mais uma vez na sua direção. Sem que percebesse, levei a proteção do guarda-chuva à sua cabeça. Quando me notou ao seu lado, levantou o olhar. Ofereci meu sorriso familiar e você mesmo com o rosto em dor, sorriu de volta. Minha 'little star'. Segurei firmemente em sua mão. Vem, é hora de voltarmos para casa, nossa casa. Onde eu te cuidarei zeloso.

Uma vez lá, retiraria suas roupas encharcadas com cuidado, colocando-as para lavar. Prepararia um banho acolhedor; bolhas de shampoo e sabão voando no ar enquanto eu cantarolava-te uma antiga canção, massageando ternamente sua cabeça. Banho terminado. Secaria com gentileza teu corpo e teus cabelos, sem pressa. De um pijama confortável te vestiria, e depois de um beijo em sua testa, para a cozinha te levaria, onde faria um delicioso chocolate quente, e te encheria dos seus cookies prediletos.

Fiz tudo isso, sorrindo paciente, porque você também tem o mesmo cuidado quando sou eu quem está debaixo da chuva impiedosa.

Tudo bem, hora de ir para a cama. É, vê-se? Já aprontei nosso ninho do jeitinho que você gosta. E sem cerimônia, após um longo e difícil dia, deitamo-nos. Encaro seu rosto. Às vezes me questiono, será que sabe que és como poesia? Não qualquer uma, mas sim a mais sublime, minha favorita, a mais bela. Queria ficar te admirando mais um pouquinho em silêncio. Mas lentamente, o cansaço foi se aninhando junto de nós… E finalmente no nosso cantinho especial, suspiro de alívio. Sem perder tempo, te trago de encontro ao meu peito, um abraço apertado, não querendo nunca mais te soltar. Antes de adormecer devo ter tentado dizer-te algo, mas saiu mais como um murmúrio desconexo. No fundo, queria te agradecer por me permitir ser teu guarda-sol, guarda-chuva… teu abrigo; que é um prazer de ser e estar contigo.

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(Em alguns momentos, a chuva é um estado de consciência...).

Ansyel Violet
Enviado por Ansyel Violet em 05/04/2023
Reeditado em 14/10/2023
Código do texto: T7757035
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