O ESCRITOR E A POETISA

Essa é uma história de amor um tanto improvável. Tanto quanto é grande a distância entre Curitiba e São Paulo...

Ele, escritor, por gosto!. Ela, poetisa, por necessidade... espiritual.

Então, um dia, ele leu uma poesia dela, que, na verdade, era um exercício de Inglês. Daí ele rasgou-se todo em elogios nos comentários. Ela ficou toda curiosa e entrou no perfil e nos escritos dele. Gostou de tudo. Curitibano, 58 anos, escritor, dois livros publicados.

- Meu Deus , que homem interessante! Tá ótimo, eu tenho 48!- Ela pensou isto, mas, na mesma hora deu-se conta do ridículo daquele pensamento... que importam as idades? Quem disse que pode rolar alguma coisa além de poesia, contos, livros e mais poesia?

Ela tinha lido um poema dele, que falava sobre a ambição de um cara teoricamente bem-sucedido de Wall Street, mas que era malsucedido no amor e mostrava o contraste gritante deste com um moço simples da roça, que fazia um buquê de açucenas, somente para despertar um sorriso de sua amada, e nisso consistia sua simples e maior ambição, era o que o deixava feliz. Ela tinha achado isso a coisa mais linda!. Então, tratou de educadamente, mandar um e-mail elogiando o texto dele e, claro, também agradecendo aqueles seus elogios... Explicou-lhe que o seu professor de inglês começou a pedir a redação semanal em formato de poemas e que estaria perdida para dar conta.

- Acabei de fazer um agora, por exemplo, sobre Moda, um assunto que nem gosto muito e nem sabia o que escrever. Resultado, meu professor vai rir muito, porque ficou parecendo um rap...rs...

E ele, com um jeito divertido disse para ela lhe mandar o "rap" assim que pudesse, que queria ler.

Disse assim: "Se um dia compartilhares o tal "rap", lerei com muito gosto! Ela achou tão bonitinho o "compartilhares", e pensou que só mesmo quem é do sul fala bonitinho assim..... e ainda por cima, colocou um emoji fofinho... Então, ela disse para ele não rir.... muito....rs..., e enviou-lhe o tal do rap...

Ele respondeu, dizendo que leu e que, em muitos momentos, chegou a imaginá-lo musicado, o que ela achou bem fofo também, e engraçado.... Ele disse que depois iria ler mais textos dela, pois tinha gostado muito cadência da escrita, que foi o que sentiu em seus textos, além de um humor suave e refinado... Ela ficou meio caidinha com esses comentários... porque ninguém nunca tinha dito que seu humor era "refinado"....kkkkkk.. Ela sabia que não era, mas, muito da leonina, gostava de elogios...rs...

Eles tinham alguns pontos em comum, o gosto pela escrita, o gosto pela leitura, o site de poesias...

Então, as redes sociais se encarregaram de estreitar a amizade virtual, trazendo sugestões no Facebook , Messenger e Instagram. Ela acompanhava tudo o que ele postava, as divulgações dos livros, tardes de autógrafos, fotografias...e “viajava” um pouco na fantasia... Não leu nem viu nenhuma foto relacionada a esposa, namorada ou coisa que o valha...

Então, num domingo à noite, ela, vendo-o on-line no Messenger, escreveu: - Oi! Boa noite e boa semana pra você! - Ele, super educado, disse o mesmo e tascou-lhe um "P.S.", dizendo que estava acertando uma data para divulgar seu livro em São Paulo, e que assim que tivesse a data, lhe avisaria e que ficaria muito feliz se conseguisse encontrá-la por lá... - Ela, educadamente, disse que sim, que lhe avisasse, que iria sim, para conhecê-lo, prestigiá-lo e, claro, comprar-lhe um livro, ao que ele respondeu com um rápido "Combinado!".

Desde esse dia, sem ilusões ela já não dormiria mais, em seu coração não haveria mais paz, até que pusesse seus próprios olhos na face daquele rapaz... Bem maduro, aliás, já bem vivido e tudo o mais... (ops!.rimas toscas...rs)..

Ela o achou tão atraente, inteligente e educado, ele era mesmo a imagem de um príncipe encantado...

Ele começou a povoar seus sonhos, suas fantasias malucas e ela não mais parou de pensar nele após aquele dia.

E ele, encantado que ficou, não com a beleza dela, aliás, inexistente, que em nada se destacava, mas com a personalidade dela, meio doida, meio confusa, atrapalhada, ela era muitíssimo mais engraçada que bonita, querendo sempre expressar tudo ao mesmo tempo, e conseguindo ás vezes, terminar sem dizer nada... Mas a achou meio enigmática, com algo de triste, se dizendo poetisa... Mas o que ele mais gostou nela mesmo, foi essa alegria, esse humor abirutado, de dizer umas coisas malucas em horas sérias...rs.

E ela, que só estava mesmo procurando alguém para um cinema, uma companhia para dançar, talvez até beijar e abraçar ou pra uma conversa que não fosse de novela, algo que a fizesse sentir e se sentir gente novamente... adorou aquele achado!

Já ele, queria mesmo algo especial, uma mulher madura, experiente, inteligente, interessante, sobrenatural...

Ih!! Foi mal... nada a ver com ela, mas até que "deu bom", deu até "match" no final....rs.

Um mês depois, ele, já em São Paulo, ligou pra ela e a convidou para um café. E ela, que não gosta de café, foi, mesmo assim, somente por que sssiiiimmm!.

O primeiro beijo foi em frente ao Masp, com gosto de café, bem na Avenida Paulista, cena pra sempre gravada no coração da cidade e no dela!! Cena de cinema, emoção teatral e beijo de novela!!

Deram-se bem, ela gostou do beijo dele e ele gostou do abraço dela... Aliás, desde aquele dia, ela começou a amar café...

"O problema que eles tem agora,

É fazer caber esse amor bonito e virtual

Dentro dessa vida louca e surreal!

Por que é que Curitiba é tão longe de São Paulo capital?"

Leila Melo Lima Yamasaki Cruz
Enviado por Leila Melo Lima Yamasaki Cruz em 30/03/2023
Reeditado em 13/05/2023
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