Duelo Safadão (quem rebola não leva)
A lendária Jane Calamidade, que ficou famosa no Velho Oeste americano, tinha dois pretendentes no meio de tantos homens que temiam namorá-la.
Esses dois únicos pretendentes resolveram disputar a donzela, mas só de mentirinha porque apenas queriam mesmo “tirar uma casquinha” da potranca que inclusive ainda tinha pouca idade quando ficou conhecida como pistoleira. Porém eles, os dois, eram amigos de infância que disputavam o título de maior “pegador” do Velho Oeste.
Convidaram a Jane para presenciar a disputa, mas tinham um truque combinado de modo que fizesse parecer que deu empate e assim poderiam convencer a “dama” de que seria bom cada um ter uma chance de fazer um “test drive” (e com isso queriam dizer que ela poderia permitir cada um dar “uma voltinha”).
Então, no momento da disputa (duelo com armas de fogo), a Jane ficou encostada numa rocha observando com um talo de mato na boca num local afastado da cidade e escolhido para que ninguém mais fosse testemunha.
Os dois “duelistas” se puseram de frente, um para o outro, e o mais velho começou a dizer:
— “Muito bem, Joe...! Vou te dar a chance de sacar primeiro, porque você logicamente não é tão rápido quanto eu. Por isso, vou ficar com as mãos levantadas. E a Jane vai jogar uma pedra para o alto. Quando a pedra tocar no chão nós dois sacamos. E que vença o melhor. ”
Mas, conforme secretamente combinado, o oponente escutou aquilo e respondeu:
— “Nada disso, caro Mike. Eu sou conhecido como ‘o gatilho-relâmpago’ do Oeste. Não vou fazer isso com você. Eu, sim, vou ficar com as mãos levantadas enquanto a Jane joga a pedrinha para o alto. ”
E o outro que havia falado primeiro respondeu:
— “Admiro sua coragem, Joe...! Mas não quero chegar à velhice com essa culpa nas costas, de ter me aproveitado de um lerdo para conquistar o amor da Jane que talvez até nem me perdoe ao testemunhar uma covardia de minha parte. ”
O contra-argumento do outro ouviu-se rápido, enquanto a Jane Calamidade calmamente continuava mastigando o talo de mato:
— “Não seja criança, Mike...! Seria eu quem estaria me aproveitando da lerdeza de um oponente...! Então, sou eu quem vai te dar a vantagem de ficar com as mãos já perto do coldre...! ”
E a Jane Calamidade calmamente continuava mastigando o talo de mato, observando sem parecer ter pressa. E ficaram os dois naquela troca de ironias, até que o mais velho disse:
— “Bem...! Então eu acho que a Jane haverá de reconhecer o senso de lealdade de ambos nós dois. Ela não haveria de querer presenciar uma injustiça. E, embora eu saiba que você está em desvantagem, acho que ela não deixará de reconhecer aqui um empate. ”
A resposta do mais novo foi:
— “Concordo que essa é uma justa solução para este impasse. Óbvio que prefiro que ela declare aqui um empate, pois notei que ela já olhava para você com um ar de piedade. ”
Ambos olharam para Jane Calamidade, que mesmo assim não havia parado de mastigar o talo de mato.
E foi aí que a cortejada potranca respondeu:
— “Bem, o fato é que eu estive esse tempo todo esperando para usar a pedra que já está aqui na minha mão desde o começo da conversa. ”
Foi quando o mais velho disse:
— “Então, Jane...! Se achar que devemos parar por aqui e declarar o empate, largue a pedra e assim saberemos que você considerou nossas atitudes de homens apaixonados que merecem um momento de mesma oportunidade. ”
Jane Calamidade largou aquela pedra de mais ou menos uns 100 gramas de peso.
Momentos depois, ela rolava a pedra maior onde tinha passado o tempo todo escorada. E foi com essa rocha, a qual pesava uns 30 quilos, que ela cobriu a cova onde enterrou os dois homens (logo depois de acertar uma bala na testa de cada um dos duelistas).
-FIM-
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Da coleção zezediozoniana: NOS TEMPOS DO TEX ROCKETANN