Relicário - BVIW
Tema: conto com as palavras: óculos, abelha, esquina, espelho, perfume, tapete, janela, pôr-de-sol, folhas, nostalgia.
Cecília pegou os ÓCULOS de sol e a bolsa. A caminho da porta da sala, chegou à JANELA para conferir o tempo. Lambeu com os olhos o jardim bem cuidado, e parou na rosa dobrada, cujo PERFUME deixava tonta a ABELHA operária. Ficou uns segundos observando o trabalho do inseto, de pousar, esfregar as patas, dar volteios e pousar de novo. Pensou na simplicidade da vida dos bichos e como o homem complica seu viver. Acompanhada de pensamentos desse tipo, saiu porta afora e entrou no seu carro. O jardineiro acenou para ela, que respondeu com um "bom dia" fresco, cheirando à hortelã. Ao sair dos portões da mansão, sabia que não seria nada fácil o encontro com Carlos. Dobrou a ESQUINA, levantando o TAPETE de FOLHAS que o vento arrancou durante a madrugada. Chegando ao Café, passou pelo grande ESPELHO, ajeitou os cabelos e se dirigiu à mesa onde Carlos já a esperava. O "bom dia" agora era diferente, educado, mas seco. Sentou-se e olhou seu companheiro de tantos anos. Ainda era bonito, mas estava abatido pelos tempos difíceis da recente separação. Tinha o tom educado ao falar, mas evitava olhar para ela. Decidiam sobre a partilha dos bens, um assunto maçante, mas inevitável. Quando Carlos falou sobre a casa de campo, uma lufada de NOSTALGIA envolveu Cecília, que retrucou: "mas, Carlos, eu não posso ficar sem aquele PÔR-DE-SOL!" Ao que em réplica ele disse: "guarde-o no relicário da sua poesia".