O último pedido de meu grande amor
Eu tinha 16 anos quando o conheci e ele, 45.
A primeira vez que me levou para ver o pôr do sol,
Foi do alto de uma rampa de pára-pente, onde tinham um jardim florido.
Havia um pé de amora e uma trilha de eucaliptos onde os enamorados iam se encontrar.
Quebrei um galhinho de flor de jasmim e pus na orelha.
Juntei um montinho de amoras na aba da minha blusinha de malha e o ofereci.
Falei do quanto seus olhos azuis ao sol, me deixaram hipnotizada.
Ele disse que quem entendia de hipnose era eu,
pois desde a primeira vez que nos vimos, ele não sabia explicar o que aconteceu.
Disse que estava esquisito. Perdeu o tino, o senso e o equilíbrio.
- Onde já se viu?
Logo eu, um homem tão centrado, maduro, estudado.
Me perder entre amoras, jasmins e esses seus cabelos encaracolados.
Eu falei pra ele ficar em paz, pois por mim,
eu não o deixaria jamais.
Mas a vida não é assim.
Foram muitos vendavais, muitas brigas e temporais
que nos fizeram despedir.
Quando nos reencontramos, na cama de um hospital,
á pedido da família, por que ele estava mal
trocamos juras de amor.
Falamos de jasmins, de amoras e pôr do sol.
Ele lembrou do dia, que do vizinho roubou um girassol
para me presentear e de quando eu roubava dele o cobertor nas noites frias
Lá na casinha da serra onde a gente se escondia.
Antes de vir embora ele fez um pedido;
- Minha linda poesia, me prometa que você será feliz.
Que continuará a vislumbrar as cores, os amores, os sabores, os jardins...
Mas de todos os pedidos que faço, tem um mais importante até do que este último abraço.
Que você jamais esqueça de mim!
Como pode alguém tão jovem se apaixonar?
Sou feita de ondas, luz e estrelas e sigo cumprindo minha promessa até hoje.