O TOCADOR DE FLAUTA

Miniconto: O TOCADOR DE FLAUTA

Homenagem a Altamiro Carrilho.

Amélia Luz

Sabia que a minha saudade era fato importante do passado distante, tempos vividos, guardados nos porões da alma musical, improvisos e estilo pessoal.

Sabia do encontro costumeiro no interior retretas, praças, quermesses, desfiles variados na cidade de Santo Antônio Padroeiro, entre pautas, claves, bemóis e sustenidos da antiga Lyra em encantos harmoniosos.

Altamiro, foi o menino da flauta, rezando nas missas de domingo na matriz, oferendas a Deus.

Sabia das águas do Pomba correndo mansas a despedirem-se dele em pranto, num dia nublado quando partiu com a alma cheia de notas musicais e esperanças.

- Onde foi parar o flautista da terra?

Clamor coletivo que se espalhou cidade inteira!

Pádua foi pequena demais para abrigar o talento do flautista, o Brasil também foi pequeno para falar da sua música. Quantas homenagens:

” Flauta Mágica”

“Clássicos em Choro”,

“Troféu Villa Lobos”

“Comenda da Ordem Cultural”,

“Título de Cidadão Carioca”,

“Comenda do Mérito Cultural da Magistratura” e o honroso da APLAC:

“Título de Membro Efetivo da Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências”.

Do outro lado do mundo, em terras longínquas do SOL NASCENTE cantou chorinhos com a passarada em apresentações que comoviam. Espanto num grito de dor! Voou como Pixinguinha, “Carinhoso” no sopro ímpar, a Marcha Fúnebre da sua Lyra soou triste pelas ruas naquele cortejo. Aqui começou e terminou a sua caminhada pela vida de glórias. Pude deixar somente uma simples coroa de flores no mármore frio da sua tumba entre tantas tumbas. Uma lágrima desceu na minha face em momento triste de dor e perda.

Inclinei os meus ouvidos sensíveis e maravilhei-me.

A melodia SAUDADES DE PÁDUA foi então ouvida em esplendor como um canto de amor à terra que agora o guardava em seu seio para sempre!

Calou-se a flauta, nasceu o mito!