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CRÓNICA DE UM TEMPO FELIZ
Júlia e Miguel conheceram-se na faculdade, ambos cursando Psicologia. Numa dada altura, em festa comemorando o Dia dos Namorados e tendo chegado a altura de se dar um beijo ao respetivo par, embora eles não fossem namorados, ela tomou a iniciativa e deu-lhe um suave beijo, que o fez corar…
Miguel não mais a deixou afastar, ficou apaixonado, conversaram muito e sentiram aquela química que ninguém sabe explicar mas é danada de boa…
O tempo passou e acordaram viver juntos.
No entanto as carreiras acabaram por divergir: ela, uma aluna aplicada e ambiciosa, teve sempre a meta de leccionar na sua faculdade, acabando a licenciatura e tendo-se inscrito para tirar o doutoramento. Ele, pelo contrário, nunca foi muito aplicado, não acabou o curso e dedicou-se ao seu trabalho preferido: cozinhar. Meticuloso e criativo naquilo que sempre gostara, lidar com comida de forma criativa, arranjou trabalho num conhecido restaurante da cidade e com o tempo foi ganhando a confiança dos donos da empresa, tornando o restaurante conhecido e acabando por ser promovido a chef, com provas prestadas perante um júri e ganhando sucessivos concursos.
Pelo contrário Júlia vivia para o estudo, queria concluir o doutoramento e dar aulas, seria muito bem remunerada.
Com ambições diferentes, o objetivo do casamento ficou para segundo plano, com prejuízo da vontade de ambas as famílias, católicas praticantes, que os pressionavam constantemente.
Miguel detestava rotinas, algo egoísta e inconstante, pensava nas oportunidades perdidas ao ficar para sempre preso à mesma mulher. Por sua vez, ela também vivia algo dececionada pela falta de ambição de Miguel.
Acabaram por se separar de mútuo acordo, ele ligado a uma jovem atrativa que trabalhava no restaurante em início de carreira, Júlia que se sentiu atraída pelo orientador de curso da faculdade.
Passou-se ano e meio e também caiu a ficha para os dois: após um período em que tudo eram maravilhas, Miguel percebeu que ligar-se a uma jovem mais nova e cheia de sensualidade, requerendo um grande esforço físico para a acompanhar nas suas manobras no leito, seria um erro. Achou-a inconstante e infantil.
Por seu turno, Júlia depressa achou que o companheiro da altura, o orientador de curso, vivia para a vaidade, deixando-a em segundo plano. Repetia-se a situação, ela não se sentia amada, queria ser o objeto de atenção e carinho que sempre esperara e sonhara. Ao mesmo tempo, a figura de Miguel perseguia-a, as saudades tiravam-lhe o sono. E foi na festa
de casamento do irmão dele que se voltaram a encarar. E foi lindo ver como eles se emocionaram, nos braços um do outro, envolvendo-se num sentido amplexo, beijando-se no final com a aprovação das duas famílias. O amor acabaria por triunfar...
Seis meses depois casaram-se, numa cerimónia muito pouco ortodoxa, doida mesmo, combinando a rebeldia até então reprimida por ambos.
INÉDITO