EU, ALZIRA E SUAS NOITADAS

 

  Eu estava na quarta latinha de cerveja quando ela entrou, a luz da sala quase em penumbra, apenas o abajur estava aceso para que minha tristeza não fosse vislumbrada. Esbanjou um sorriso que eu já conhecia, mas não falou nada, como sempre, quando chega de suas noites que beiram as madrugadas. Alzira sempre chega sorridente, isso independe do que tenha acontecido em suas farras, jamais chegou bêbada, sempre mantinha a linha. Vai direto para o banheiro e toma uma ducha relaxante. Isso acontece três ou quatro vezes por semana, dificilmente ela ocupa todas as noites, sempre reserva umas para o nosso deleite. Isso me satisfaz, não plenamente, mas "quebra o galho", Alzira sabe que eu suporto esse "sofrimento". Fico a sua espera e só me desespero quando a madrugada avança e eu fico pensando no que teria acontecido, mas ela nada me diz, apenas pede para que eu sossegue o coração. Eita coração velho amargurado! Até quando?

   Quando eu a conheci Alzira não era assim, as noites eram só nossas, ela se dedicava a mim e isso me deixava feliz, muito feliz. Aos poucos ela foi me convencendo de que precisava de uma noite só para ela, dizia que ia sair com umas amigas e me fazia acreditar. Eu tentava acreditar e rezava para que chegasse logo, que não demorasse muito para não violentar meu coração sofredor. Depois dessas saídas suas com amigas eu comecei a me sentir sozinho e minha "companhia" eram algumas latas de cerveja, o que "enganava" meu pobre coração. E eu resistia bravamente. Ela chegava sempre com aquele seu sorriso que me agradava e fazia com que todo o meu tormento tivesse fim. Ia até o banheiro, tomava seu banho relaxante e em seguida, toda perfumada, caía em meus braços, o que me fazia esquecer tudo. Enfim Alzira estava em meus braços e ali mesmo, no sofá, rolava o que eu mais desejava: sexo. Todas as noites quando ela chegava era sempre assim, desde que "aumentou a dose" das suas saídas noturnas. Nas noites em que não saía com as amigas ela me aliviava em nossa cama e passávamos horas fazendo amor, não sei como ela encontrava tanta disposição, tanto tesão. Realmente ela me surpreendia e me satisfazia, eu ouvia seus gemidos e isso me impulsionava cada vez mais a querer permanecer em seus braços.

   E assim eu ia vivendo a minha vida, eu e Alzira, um casal apaixonado. Enquanto ela não chegava eu não me continha e procurava alguma coisa para distrair a minha espera. Algumas latinhas de cerveja me deixavam até mais ansioso e aguardava a sua chegada só pensando em cair nos seus braços

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 22/12/2022
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